31 janeiro 2014

Um céu escuro e sem estrelas.


Era noite, as estrelas estavam apagadas por conta de uma neblina intensa que envolvia a escuridão, o claro da lua cheia aparecia desfocado iluminando apenas um local daquele manto negro. A temperatura havia caído e fazia frio, lá fora dois pontinhos se uniam aconchegados um no outro em silêncio. Os corpos desconfortavelmente sentados no chão duro e apenas os ombros se tocavam. O silêncio marcava presença quase o tempo inteiro a não ser pelas poucas palavras balbuciadas em algum intervalo. As teclas de um piano soavam algo leve e agradável aos ouvidos, a música tocava como trilha sonora de um único momento. Seus fones de ouvido compartilhados os deixavam desagradavelmente desconfortáveis porém valia o fato de terem a presença um do outro ali, pela primeira vez tão perto. Olhares significavam muito mais do que costuma-se observar. Os olhos dela brilhavam e os dele pareciam sorrir de vez em quando. Vez ou outra brincavam como duas crianças um com o outro mas esse era o máximo de intimidade entre eles. Ele cantava um verso ou estrofe daquela música e ela o olhava encantada. Como sua voz era linda quando escutada de outra forma, seu jeito de falar era diferente: firme, discreto e até um pouco sensual. Seu rosto tinha traços quase perfeitos, os olhos castanho-escuro entreabertos davam um toque especial em sua face, o cabelo levemente desarrumado fazia com que ficasse ainda mais encantador. Ela, por outro lado, usava uma flor no cabelo cacheado, seu sorriso não era o mais bonito mas, por incrível que possa parecer, até isso mudava de aspecto quando estava ao seu lado. Seu vestido rodado dava um ar delicado ao seu corpo desengonçado, no rosto seus olhos grandes chamavam atenção. Figuras descompassadas e por detalhes não combinadas se encaixavam abaixo da pintura de um céu escuro e sem estrelas.

- Gabrielle Roveda

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