Cama desarrumada, quarto bagunçado. Ao lado um criado-mudo
abrigando dois ou três livros e o despertador que não toca. Junto, alguém que
insiste em não ir embora. Angustia predominante em versos e poesia, na sina do
pensamento. Todo dia, o dia todo. Alguém que não quer me deixar, alguém que foi
e quer ficar. De mansinho a saudade se aconchega no cantinho do travesseiro. E
logo empurra, ocupando o lado quente da cama. E fico ali, no gelado dos lençóis
tenteado a aquecer um coração despedaçado. Inventando uma história de amor para cada
pedaço destroçado. Não teve manual de facilidade. O tempo vem chegando e à força
aprendemos as habilidades. A vida é mesquinha, difícil, irregular. O tempo
passa tão lento que dá preguiça calcular. E aquele alguém também se cansou para voltar. Erros, arrependimentos e saudade. Sim, saudade. Aquela nostalgia
bate forte, parece que quer invadir, quase quebra a porta. E a gente fica ali,
encolhidinho, com medo do que há de vir. E quando vem trás lágrimas, lembranças
acorrentadas cheias de angustias. E aquele alguém, se mantém aqui porém, ainda
não voltou. Como pode um indivíduo estar e não estar? Pergunte à imaginação,
vem dela a saudade. Vem dela a criatividade besta de inventar histórias felizes
com quem já se foi.
- Gabrielle Roveda
Muito triste esse texto, mas lindo ainda assim.
ResponderExcluirBeijos
http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/
Sempre me encanto com seus textos, mesmo esse sendo triste...
ResponderExcluirleehlivros.blogspot.com