Leia escutando November Rain: aqui.
Estranhei quando olhei pela janela no décimo nono dia do mês e ainda não havia chovido um pingo sequer. O que eu realmente esperava era que a tempestade do lado de dentro cessasse e deixasse o sol surgir. E lá fora, hoje, chovia. Pingos leves numa garoa fina de primavera, tal visão que me levou à um lugar onde eu não gostaria mais de estar: a pequena casa de madeira desbotada já antiga e toda humilde que abrigou nosso breve amor juvenil.
Eu sorri um sorriso triste e desabei, desabei como a própria velha casa hoje em ruínas se encontra. Desabei deixando minha garoa fina madrugar junto à graciosa chuva de novembro. E eu que pensei que aquele amor inocente iria ser eternizado e que poderíamos um dia reviver algum momento ouvindo o breve baque dos pingos se chocando no chão com aquela goteira incessante das noites de chuva forte que na época já estávamos acostumados.
Ambos sabemos que corações podem mudar, se eu pudesse voltar no tempo e deixar tudo na linha, eu faria diferente. Às vezes é preciso do próprio ponteiro do relógio girando por meses incontáveis para que consigamos colocar nossa cabeça no lugar. Já passou tanto tempo e eu adoraria afirmar que quase nada mudou, mas as coisas estão de outra forma agora. Acabei guardando o nosso amor num cantinho confiável, deixando as lembranças boas se dissiparem para não fazerem tanta falta assim ao encontrar seu olhar entre as ruas da cidade.
Quando olho nos seus olhos ainda vejo um amor reprimido, em algum lugar no fundo dessa pessoa que você se tornou ainda enxergo um pedaço do que fomos numa faísca acesa. Estivemos nessa guerra por tanto tempo só tentando acalmar essa dor aguda que volta e meia tenta ressurgir. Eu fui sua de forma tão intensa que não consigo deixar apenas ir esse sentimento. Sei que amantes sempre vão e não se tem muita certeza sobre quem se está deixando ir hoje, naquele momento eu também não sabia.
Eu sei que nada dura para sempre, quem sabe o sentimento se dissipe aos poucos em cada novo ano que marco no calendário. A chuva ainda escorrerá lá fora até cessar, novembro ainda marcara as tempestades de primavera que gotejavam sobre nosso amor sincero já sem um teto para interromper. Hoje, caminho sobre o momento sentindo a água escorrer de mim toda a saudade que ainda tenho. Mas nada dura para sempre, nem a fria chuva de novembro. I'm fine.
**Texto inspirado na música November Rain - Guns N' Roses do projeto 1.000 músicas para escrever sobre**
Adorei o texto. ♥️
ResponderExcluirVocê é muito boa com as palavras. Parabéns!
Beijo,
https://theamarantine.wordpress.com/
Que bom que gostou flor, muito obrigada! ♥️
ExcluirHá Gabi que texto lindo.
ResponderExcluirPassou um filmezinho na minha cabeça enquanto lia.
Muito amor envolvido.
Awn, obrigada Cami. Espero que um filmezinho bom ♥️
ExcluirNada dura para sempre , o que um dia foi inocente acaba amadurecendo e mudando cada vez mais , porém quando é para ser nem o tempo pode apagar .
ResponderExcluirGostei bastante do texto *-*
Bjnhs
http://karoline-caro-sonhador.blogspot.com/2015/11/projeto-my-sentences-frase2.html
Gosto dessa última frase, bastante. Que bom que gostou do texto flor ♥️
ExcluirQue texto lindo, Gabi. Você é tão poética, já te disse? Isso é muito bom. Escreve com tanta intensidade. Gostei muito, beijos s2
ResponderExcluirAwn, muito obrigada Rebeca! Não me deixa sem respostas, boba! ♥️ ♥️ ♥️
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