31 janeiro 2023

TALVEZ ISSO NÃO SEJA SOBRE BORBOLETAS

Leia ouvindo: A Symptom Of Being Human - Shinedown

Confesso que é estranha a sensação de te gostar. De me apaixonar minuciosamente sem perceber. Ansiar pelo teu colo, pelo teu corpo quente a me envolver inteira num abraço.

Pela percepção da tua pupila que imita a lua cheia delicadamente simultânea ao meu olhar. De como tu me preenche com um simples beijo na testa.

É confortável te querer, ver a intimidade deslizando pelo embaraço de rotinas e histórias que não se conhecem. Ver teu eu misturado com o meu gradualmente.

Não ter teu corpo a se encaixar em mim, volta e meia me causa insônia, a noite passa e o que mais anseio são teus braços a me puxar para perto do teu peito feito casa. Onde posso me aconchegar e desligar sem preocupações.

Talvez, devo dizer, meu travesseiro também tenha saudade tua. E também sinta falta da tua respiração no meu ouvido a me estremecer o corpo todo e minha cama queira fazer parte da dança que teus dedos fazem ao deslizar pelas minhas costas.

É maluco e contraditório te observar por entre as minhas muralhas, como se por aqui nada sentisse enquanto cultivo meu coração na geladeira e um riso bobo apaixonado em cada vez que te vejo sorrir.

Não é como se tu não me despertasse um calorzinho gostoso que afinasse as camadas de gelo que construí, pelo contrário, não apostei sequer uma ficha na capacidade de te gostar e olha só onde eu me encontro agora, te escrevendo em linhas tortas.

A verdade é que eu não consigo entender essa situação, o quanto tu me faz vulnerável e mesmo assim me deixa segura com simplesmente a voz suave e a pose de que nunca mais vai deixar de existir na minha vida. Embora eu saiba que vai

Sabe, eu poderia facilmente me permitir me apaixonar por ti.

Poderia cuidar das tuas teimosias sem hesitar, fazer cara feia só pra ti me desestruturar com uma fala e um sorriso enquanto eu, teimosamente tentaria não perder a pose. Não me importaria em dividir silêncios e ócios ou assistir coisas duvidáveis na televisão e vez ou outra te tirar da zona de conforto mostrando que há muito mais do mundo a ser explorado e vivido

A merda é que não sei gostar de alguém e mesmo assim abri a porta do meu eu. Só que tu entrou sem pedir licença em lugares que eu não tive tempo de barrar.

Não pensei que se atreveria a ir tão longe com esse disfarce de quem não quer nada, mas avalia tudo e todas as possibilidades. Foi golpe baixo, eu sequer tive tempo de armar minha defesa

Não pensei que esse meu apreço pelo teu eu ultrapassaria mais de um amanhecer.

Talvez esteja ficando perigoso agora...

Talvez essa ansiedade estranha que eu sinto cada vez que te vejo sejam aquelas malditas borboletas no estômago que eliminei anos atrás voltando a vida e tentando fazer bagunça aqui dentro...

E digamos que embora minha vida viva bagunçada, eu ainda tenho medo de borboletas. 

Ou de me apaixonar.

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