No caos do porto te fiz meu cais, ancorei meu coração tumultuado no teu ser maresia como se meu barquinho frágil fosse resistir ao limo do tempo esquecido entre os devaneios desse teu silêncio imensidão.
Eu poderia escolher outro porto, mas me quis atracada no teu corpo sem medir as consequências do desgosto da tua ausência. E tu me foi distante, um ponto de paz sem tanto interesse enquanto eu me perdia na luz do teu farol fantasiado de um sorriso desgraçado e batia de frente com os icebergs do teu coração.
Mas a culpa pelo estrago não foi sua, marinheira de primeira viagem como sou não carreguei experiência na bagagem. Abandonei a boia salva-vidas por aí, descartei o bote extra e naveguei inocente para o teu porto inconsequente.
Me perdi em tempestades de vontades tuas e ilusões de ver constelações que me guiassem em noites ofuscadas pela chuva. Esperei raiar o sol em horizontes tortos de nuvens nubladas que nunca me deixaram me ater a algo sólido e verdadeiro.
Mesmo assim não deixei a essência gostosa de mergulhar em imensidões, o que não sabia é que tu , por próprio gosto, se faria um oceano raso para mim. Ao menos só quebrei a cara, não é mesmo? Dessa vez, receosa, deixei intacto o coração.
Por que deixou ser assim algo que poderia ter sido mais? Tão esporádico quanto a ansiedade do mar em êxtase. Tenho de me contentar com esse nosso nós feito migalha, de súbitas e notáveis pequenas recordações, com a certeza de que, assim como a água que vem vai, a gente também permanece de alguma forma.
Uma pena nossa euforia não dar em nada, ser fogueira que desaba em ventania. Fomos apenas onda nervosa, passageira, dessas que acalma na beira e vai embora deixando cicatrizes na areia.
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