Ópio Plutônico
14 abril 2024
TU CABE TÃO BEM AQUI
11 abril 2024
SEJA MAIS QUE A MINHA INSÔNIA
26 março 2024
SINTO FALTA DO TEU TODO
Quero poder dizer que sinto saudade de ti inteiro, sem inibir aquilo que mora aqui dentro.
Quando digo que tenho saudades tua, tenho saudades do teu eu completo.
Não apenas sinto falta do teu calor que me deixa sem ar, do nosso encaixe, do beijo que combina tão bem ou da tua mão na minha nuca que me arrepia inteira.
Sinto falta do teu cheiro no travesseiro, do cabelo bagunçado, do lençol fora do lugar, da minha pele vermelha marcada pelo prazer e do teu gosto. Mas minha saudade não se resume ao nosso nós composto de quatro paredes e algumas desventuras.
Eu sinto falta do teu todo.
E talvez desse nosso nós que eu invento em estrofes e cifras ocultas.
Sinto saudade da tua expressão travessa me engolindo com o olhar sob a meia luz do quarto e também do teu rosto sereno a me fitar calmo, como se dissesse em micro expressões que meu eu é teu conforto no enlaçar do nosso abraço.
Sinto saudade do teu olhar sem vergonha me fitando como quem não perde a sede da nossa mistura indecente, mas também da confiança que teus olhos marejados em dias difíceis deposita quando tu me explana um ou dois desabafos.
Sinto saudade da tua voz em ritmo acelerado ao me dizer sacanagem, mas também das tuas palavras serenas no meu ouvido enquanto acaricia o meu cabelo e me deixa adormecer no teu peito.
Sinto falta das nossas mãos enlaçadas e do toque quente da tua pele na minha...
Do frio na barriga a cada reencontro e da euforia dos nossos corpos dançando em compasso ritmado...
Do teu abraço conforto que me envolve inteira e da tua mão firme encaixada na minha cintura...
De morder de leve teus lábios e do teu beijo macio na minha testa que me causa tanta segurança em estar ali, presente, contigo...
É que, sim, sinto saudade dessa paixão ardente...
Mas, vez ou outra, também sinto saudade desse rascunho de amor que se fantasia em gestos inconfidentes.
11 março 2024
ME REFAÇO EU-LÍRICO
Tem coisas que não sei como dizer, então escrevo.
Escrevo porque ao colocar uma letra após a outra, numa sequência nem sequer programada, vou entendendo o que eu mesma pretendo me dizer.
É como se o papel fosse um psicólogo mudo que me enche de questionamentos em uma folha em branco e eu, com minha ansiedade catastrófica, precisasse preencher com pensamentos.
Ali me desnudo.
No papel eu fico nua.
Um processo íntimo de uma guerra civil interna em que meu ego trava batalhas morais com meu insconciente mais oculto e inacessível.
Enquanto os olhos fixos no branco sufocante despem palavras que remontam metáforas, as quais até mesmo eu não consigo entender a complexidade.
É sobre dentro. E dentro é um labirinto que arrepia explorar.
Pra falar de dentro é preciso artimanhas e rodeios que nem mesmo a mão por trás da arte consegue decifrar.
Danço a caneta sobre as linhas do papel como uma bailarina num solo improvisado enquanto fecho os olhos, respiro fundo e deixo a euforia mover meu corpo no seu ritmo.
A mente ganha um véu esbranquiçado que nada diz.
Um manto silencioso gostoso de escutar.
Não há vozes, não há gritos, não há um mundo cuspindo certo ou errado.
Só há.
E esse "haver" é a pura sensação de estar vivo.
No papel eu re-vivo.
Reencontro meu eu perdido em dogmas, crenças e culturas infiltradas no ar que respiro.
No papel eu me espelho.
Vejo a perspectiva de todos os meus lados ocultos.
Como se pudesse me descrever em perguntas enquanto olho para dentro e posso me ler em resposta...
É nessas rasuras que não rimam, não vendem e não descem redondo em leitores alheios onde me renovo.
Onde me refaço eu-lírico para sobreviver poeta num mundo escasso de poesia.
(Gabrielle Roveda)
13 janeiro 2024
É QUE TE VEJO CABER EM MIM
Leia ouvindo: The One - Kodaline |