Leia ouvindo: The One - Kodaline |
Às vezes eu te construo aqui dentro.
Como se por certos momentos tu se fizesse presença no meu eu.
É que te vejo caber em mim.
Nas minhas manias estranhas que se parecem com as tuas.
No jeito parecido de ver a vida.
Nas minhas birras que tu sabe desmanchar com um sorriso bobo.
Na forma como tu me deixa confortável na tua presença.
Te vejo caber no meu dia a dia.
No meu calendário minuciosamente organizado e cheio de horas preenchidas que não bastam pra te fazer não caber.
É que tu preenche todos os horários não marcados.
E inunda de ti meus pensamentos como se estivesse comigo a todo instante.
E te vejo caber em mim em detalhes sutis que chegam a ser engraçados.
No nosso silêncio não combinado que combina tão bem.
Na necessidade de aproveitar o ócio em interesses que precisam fazer algum sentido.
Te vejo caber na minha rotina tão parecida e ao mesmo tempo tão diferente da tua.
Te vejo dentro dos meus espaços vagos.
No vazio dos meus braços que guardam lugar pro teu abraço.
No meu corpo que anseia pelo teu enquanto enlaça o travesseiro em noites frias.
No lado oposto da cama esperando pelo teu calor a aquecer o lençol e quem sabe, meu coração.
Na minha imaginação que te constrói presença pela manhã rindo sem pestanejar...
Como se pudesse ver minha cara amassada logo cedo e meus passos tortos antes que eu consiga abrir os olhos só pra te encarar com um beiço enorme esperando por um beijo de bom dia antes de preencher a casa com cheirinho de café.
Te vejo em mim, nos meus dias e entre nossos lapsos.
No jeito bonito como tua mão enlaça a minha.
No toque carinhoso que se destaca entre ações inconscientes.
No sorriso genuíno durante o beijo.
No jeito como teu corpo parece se encaixar ao meu num abraço apertado que não quer soltar.
Na profundidade do olhar de quem quer fazer cada minuto durar.
No sentimento emudecido.
E nas dezenas de palavras não ditas.
Que pode ser que nunca ganhem voz.
E em ti, será que cabe meu eu?
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