Meu bem, tu mal sabe,
mas o mundo se tornou pequeno
perto das constelações que tu me trouxe pra desvendar.
Logo comigo,
astrônoma de caixa de pesquisa,
marinheira de estrelas e ideias furadas,
dona de razões duvidosas,
tendo que decifrar teu código
flutuando numa nave de saudade tua.
imersa no vácuo imaterial da vontade.
Difícil manter a linha sem tripulação,
complicado pra caramba pilotar entre a chuva de meteoros
e emoções que teu caos me trouxe.
Não tem âncora nesse mar de sensações
que me faça querer parar de adentrar tua galáxia.
Não há ventos no oco infinito do teu universo que me faça recuar.
Eu, que tanto gosto de velejar
na poesia de romantismos cafonas
tive de ser razão pra te descobrir sem fantasias.
Perdi o eixo de equilíbrio do meu planetinha esquecido,
causei mudanças bruscas em toda minha via láctea,
questionei a importância das minhas conversas com a lua
e me aproximei do sol com a inocência de me aquecer sem me queimar.
E queimou, sabia?
Até faísca eu vi quando tua pele na minha tocou,
ardeu nervo por nervo onde o dissipar da tua energia pelo meu corpo passeou.
Mas eu, como boa colecionadora de sensações,
gostei do teu toque buraco negro que me sugou pra si.
Você chegou como asteroide despencando na velocidade da luz,
desses que a gente confunde com estrela cadente
e faz poesia pra alma.
Destruiu meu mundinho no impacto da queda
com essa tua voz calmaria
e me deu um novo lar no teu universo complexo,
sem nem sequer ter consciência dos fatos.
Te vi num céu pincelado de purpurina
numa dessas noites calorosas
enquanto trocava diálogos com a lua
e me perguntava se de algum modo
estava a admirar ela também.
Esperando, talvez, que
o brilho da grande pupila da noite pudesse,
de alguma forma, conectar o nosso olhar.
Te fiz meu céu, em uma galáxia aleatória,
num mundo indecifrável onde nunca pude estar,
te vi em luares e constelações únicas,
entre planetas e astros desconhecidos
para poder em ti, vez ou outra, voltar a orbitar.
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