09 novembro 2020

TALVEZ UM DIA EU TE CONTE

É bonito meu contorno na tua retina. 

E como tua pupila se torna um pequeno espelho particular que me leva para dentro de ti tal qual um portal para uma outra dimensão, e eu despreparada, viajante sem mapa, me perco entre teus detalhes degrades, teus mil tons sem tom

Teu silêncio nulo. 

Ainda sinto a mistura de um eu só teu, da fumaça e do teu perfume apagando na pele, me permitindo prestar atenção a ti sem substância. Ou o jeito que tu disfarça quando tento te decifrar em minúcias com aquele riso torto jogado de lado que, tu bem sabe, me tira o chão por segundos tão lentos.

Engraçado quando te beijo como se quisesse te fazer esquecer um pouco do caos do mundo e me perder num universo de fantasia que acaba quando as respirações acalmam, querendo te salvar de um lugar sem salvação.

Não gosto de me importar, nem dessas conexões estranhas tão do nada que me deixam perdida dentro da minha própria mente. Não gosto dessa guerra civil que se trava entre a razão e emoção. Não gosto, mas gosto.

Talvez eu não tenha tempo para te falar das tantas poesias que já criei em pensamentos te reparando e sorrindo que nem boba por aí. Do jeito que tua voz é música pro meu ouvido, tanto que as vezes as conversas perdem o sentido e eu paro de entender só para te escutar. 

Talvez eu disfarce bem quando se trata das coisas do coração, ou seja apenas uma grande mentirosa que acredita nas próprias ilusões afinal. 

Pode parecer irônico, mas não sou boa com palavras, não quando tenho que dizê-las. 

Por isso me calo

Talvez porque não devesse expor ou porque queira mesmo é enterrar um eu embriagado de sentimento que se manisfesta vez ou outra aqui dentro. Talvez nas entrelinhas desses textos sem sal eu o mantenha quieto e te guarde aquecido na memória para poder te recordar sem temer um mundo de sentimentos que prezo distante.

Talvez eu tenha gostado do principio ativo de um big bang em profusão. De dividir universos em versos e do jeito como eu facilmente me vejo nos teus dilemas. Talvez eu goste de te ver sonhar com olhar realizado de quem sabe onde vai chegar porque me vejo em ti. 

Talvez eu só esteja de passagem e queira ser intensidade mesmo assim tal qual uma bomba atômica. Somos instantes e nada pode mudar isso, o mundo é uma cadeia de conexões de motivos desconhecidos que me tiram o sono. Talvez eu esteja aqui para ver teu sorriso e escrever clichês como esses que não me levarão a lugar nenhum, talvez eu nem esteja aqui de verdade também.

Talvez um dia eu te conte como teu toque borbulha meu estômago e aquelas malditas borboletas que abandonei no ensino médio voltam a incomodar, ou como teu beijo se encaixa com o meu sem esforço nenhum... 

Talvez te diga porque tenho receio de pessoas, que por isso evito conversar e que minha âncora é um completo e egocêntrico foda-se para o mundo e para mim. Mas talvez eu esteja gostando mais do que devo da tua presença e não queira que me veja mais assim, tão decadente. 

Não sei. Tu me desvenda em olhares e eu tento me afastar na defensiva por não querer lidar comigo diante do teu sorriso que me desequilibra e minha vontade de querer cuidar do teu eu a cada bom dia.

Talvez haja um devaneio indevido entre minha cabeça e o travesseiro, uma idiota sensação nostálgica do teu cheiro e do teu abraço que me envolve inteira nessa paranoia difusa de noites mal dormidas. Talvez hoje seja a falta do teu beijo gelado na minha testa que me afaste desse eu rígido que construí. 

Talvez tudo isso amanhã seja diferente, mas eu não tenho como saber.

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