E mais uma noite se vai depois de horas inteiras imaginando o som da tua risada no ladinho gelado do travesseiro. E se vai uma madrugada com diálogos frouxos vindos de uma imaginação fraca e sonolenta que te usa como personagem. E eu aqui, tomando meu último gole de vinho, escorada na bancada, encarando o tic tac do relógio na parede como se por um acaso o tempo me dissesse que você poderia querer aparecer por aquela porta, roubar meu vinho, meu pijama cafona e um pouco da decência de uma hora tardia.
Mas eu sei que você não virá, eu já esperei por tanto tempo e isso não aconteceu. Enquanto intercalo em goles secos e passos sem rumo pelo cômodo penso em você apreciando a solidão. Um tipo de solidão que não existiria se me deixasse parar só de pensar no suposto beijo que poderíamos dar e interromper essa sua vida secreta. Eu, apreciando romances meia boca na televisão enquanto fantasio uma relação que, quem sabe, nem vá chegar a existir. E você, distante, dedilhando alguns acordes e celebrando uma vida de correrias e rotinas sem pensar em se envolver.
Sabe, deu saudade de você, deu vontade de dividir o mesmo espaço, me encaixar nos teus braços e ver a noite virar dia sem preocupações. Enrolar meus dedos nos teus cabelos e intercalar com um cafuné sem graça até te fazer adormecer enquanto canto uma música mais sem graça com minha voz desafinada. Descobrir o que vem além de um beijo bom ao teu lado ou do simples calor da junção dos corpos num abraço demorado.
Diminui essa distância chata e vem dividir o cobertor, anda frio por aqui ainda. Deixa eu brincar com o lóbulo da tua orelha e encostar meu rosto pertinho da tua barba só para sentir um pouco de cócegas. E encarar teu olhar sonolento depois de uma madrugada inteira acordados, escorregar meus dedos pelo teu lábio depois de um beijo tímido. Enrola teu pé no meu, aquece um pouquinho meu coração que anda tão friozinho aqui dentro. Faz parar de chover tanto e reluz em primavera um pouquinho o meu interior.
Promete para mim que essa distância toda vai acabar, vem aqui e diz no meu ouvido que não vai embora quando amanhecer. Que vai comprar café quentinho em copos de isopor e deixar do lado da cama depois de me acordar com mil beijinhos. Se permite um pouco de paixão adolescente e faz de nós um amor puro e adulto. Vem aqui pertinho, não fica tão longe assim que sua distância quase me destrói.
Que texto lindo Gabi.
ResponderExcluirAdoro te ler sabia?
Fico boba com a facilidade em que brinca com as palavras.
Beijos
Obrigada Cami!
ExcluirQue honra a minha te ter como leitora ♥
Meu Deeeeus, há quanto tempo eu não lia um texto tão bom!
ResponderExcluirSua escrita é impecável, Gabi, e sério, estou completamente apaixonada! Já vivi tanto isso hoje, e acho que estou vivendo de novo. Você conseguiu expressar (e muito bem) anos de sentimento dentro de mim.
Um abraço!
48janeiros
Nath quanto tempo não te via por aqui! ♥
ExcluirTem comentários que eu nem sei como responder, só sei sorrir que nem boba lendo várias vezes. Muito obrigada, de coração! ♥
Oinnnnn que texto lindo! Daqueles que a gente escreve em uma cartinho pro amor e entrega em papel de carta perfumado. Essa sensacao que me passou o teu texto. Voce escreve de uma forma leve e parece natural. Adoro a sensibilidade que voce capta pra escrever. Parabens. Beijinhos
ResponderExcluirhttp://www.verdadeescrita.com/tatuagem/
Awn, que bom que gostou flor! Muito obrigada *-*
ExcluirParece mesmo aquelas cartinhas de amor falando de saudade né? ♥
Você tem esse jeito lindo de escrever, Gabi. Que encanta com as palavras. A gente praticamente pode sentir cada linha. Amei o texto, me vi nele rs. Às vezes a gente só quer que o outro se permita, para que todo o resto possa vir naturalmente. Um beijo <3
ResponderExcluirCom carinho, Beca; Café de Beira de Estrada
Awn, que lindo ler isso! ♥
ExcluirMuito obrigada mesmo! É, às vezes é só isso que queremos.