Mostrando postagens com marcador Gabrielle Roveda. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Gabrielle Roveda. Mostrar todas as postagens

07 novembro 2024

JÁ NÃO SEI MAIS ESCREVER SEM SER SOBRE VOCÊ

É que eu já não sei mais escrever sem ser sobre você. 

Desaprendi qualquer outra escrita desde que te conheci.

As palavras só sabem me guiar ao teu encontro.

Tudo tem teu eu escancarado nas entrelinhas.

E eu já não sei mais ser poeta sem recitar teu nome.

Tudo acaba sendo você mesmo que nem seja sobre você.

Tu é meu bloqueio criativo.

As letras expressam o quanto meu eu só sabe transbordar você.

E infelizmente, meu eu poeta não mente.

É nos versos que te trago para perto.

É nas vírgulas que te faço eterno.

Mesmo que você já nem exista mais aqui.

E a distância seja pautada pela presença ofuscada.

Te gostar se tornou silencioso.

E esse nosso silêncio anda gritando cada vez mais alto aqui dentro.

Mas não posso gritar.

Então, te escrevo.

Como se no oculto a gente pudesse conversar.

Só que na poesia o grito é mudo,

E o eco é sempre lancinante.

14 outubro 2024

UM DIA EU TE CONTO

Te observei sorrir mais uma vez com as tuas incontáveis linhas de expressões diferentes manifestadas num único sorriso e vi teu olhar lotado de um misterioso universo quase inacessível me fitar com a profundidade mais esquisita que eu poderia esperar. Me observei por entre os rabiscos da tua íris desenhando o meu reflexo no teu eu sem inibições. 

Me vi em ti e te quis em mim da mesma maneira. 

Sabe, um dia me disseram que os olhos são as janelas da alma, pude ter certeza diante do teu olhar intensidade sobre a veracidade desse ditado ultrapassado enquanto te desconstruía e reconstruía diante do meu pensar para nunca ter chance de te esquecer. 

E não esqueci.

Te fiz memória em lapsos distantes de noites frias ao fechar pálpebras e te incluir nos meus diálogos mudos com a insônia. 

Te fiz presença em mim.

Apesar da carcaça insistente em aprisionar sensações e inibir o uso de diálogos internos, te vi inteiro, ali postado diante do meu corpo tão frágil ao teu toque. Paralisado no tempo, desafiando a lógica do universo, só meu por um instante.

Te manifestei em ideologias fracas que minha voz não deixa mentir. Em negações internas de que tu, por mais longe que esteja, vive aqui dentro desde aquele olhar. 

Me prendi em palavras, textos assíncronos, letras conectadas que tentam me desconectar de ti e daquele teu sorriso puxado pro lado que me ganha sem esforço. Me prendi a frases cafonas de ideias emocionalmente instáveis para trancar a enxurrada de sentimentalismo que nego te mostrar.

Talvez um dia eu te traga para o meu mundo, entre cafés amargos demais e melodias pautadas por uma voz doce enjoativa e te faça entender o meu lado também. Um dia eu te mostro meu eu incógnito e como todas as milhões de metáforas bregas fazem sentido numa vida tão sem sal. 

Um dia eu te conto do meu mundo, te mostro as letras de música engavetadas e canto com certa timidez aquelas que escrevi pra ti. Um dia te conto como é ver daqui as mesmas constelações, como todas essas estrelas apagadas brilham no caminho dos meus entornos em direção a ti. 

Um dia eu te trago para perto, na divisão do mundo entre xícaras de café ou goles de vinho amargo. Arranco mais um sorriso bobo que não te deixe ir, e se tiver sorte, a indecência inocente de nós dois permaneça por mais do que só um instante. 

Um dia eu te conto que eu sem teu riso torto não vivo, sobrevivo.

14 fevereiro 2019

CONEXÃO DE AMOR SEM FIO

Descobri o problema que rondava a rede: você.

Invasor como um vírus, você burlou o sistema e se fez presente aqui sem convite algum. Saiba que não é nada cortês da sua parte ter uma atitude dessas.

Gerou alguns erros e desconexões imediatas, meu pensamento não estava mais acostumado com a sua presença, não dá para chegar assim e querer que as coisas continuem completamente equilibradas. Foi complicado, fiquei sem conexão alguma até te encontrar perdido nas sinapses do meu cotidiano ansioso.

Mas, você não deu bola para isso, deu? Você quis mesmo é causar embaraço. Chegar chegando com esse sorriso barbado repleto de malícia estampado na droga do teu rosto desgraçado de bonito... quis fazer carnaval fora de época em mim, armar folia sem hora para acabar e não se prestou nem para avisar com antecedência... 

Pois saiba que não vou arrumar essa bagunça toda que o seu furacão de recordações me trouxe! Por essa eu sei que você não esperava, confessa, vai! A verdade mesmo é que não quero ter lembranças suas para me atormentar, tenho rinite alérgica a passado parado. Nem vou remexer nessa nostalgia toda, não quero chegar perto.

Ok, talvez não seja bem assim.

Sabe como é...

É que é impossível não sorrir ao ter o teu sorriso estampado no balãozinho do meu pensamento, é tão, mas tão bonito que museu nenhum guarda tesouro tão grandioso quanto teu riso torto.

E esse teu brilho no olhar, de homem maduro que não quer crescer, continua o mesmo de quando ainda era só um menino coberto de sonhos, aqueles que você dividiu comigo entre cafunés e beijinhos. Tem coisas que mesmo querendo deixar para lá você não abandonou.

É bonito lembrar de você, lembrar do que já fomos um dia. Por isso não queria remexer na bagunça, eu sempre vou além quando se trata da gente. Nunca enxergo a boia que delimita a parte mais funda do nosso silencioso oceano particular.

Talvez essa rebelião de lembranças que foram jogadas no meu sistema não sejam o acaso vindo bater à porta e essa desordem seja uma nova ordem para os meus dias futuros.

Talvez haja uma conexão em tudo isso. Não digo na junção dos fatos, mas em mim e em você.

Talvez nosso amor só funcione assim, como rede sem fio.

Distantes, mas conectados da mesma forma.

- Gabrielle Roveda

04 janeiro 2019

O AZUL DO MAR LEMBROU TEUS OLHOS CASTANHOS

Não foi intencional, eu juro

Pode mesmo não fazer sentido, mas toda a imensidão perdeu a cor diante da lembrança do teu olhar moreno. Talvez a verdade seja que cor nenhuma consegue superar o brilho que tu trás aí dentro

Coração é mesmo involuntário, né? Tenho culpa não de ele me levar a ti sem eu ter que mover meus benditos pés dessa areia macia, é que distancia nenhuma supera minha mania em te trazer pra perto

Desculpa, oras. Não faço por mal. 

Sabe, é doce te ver sorrir, não falo desses sorrisos cheios de dentes. Falo do sorriso que as tuas íris transmitem. Trás paz e uma vontadezinha incansável de te mimar e te cuidar pra sempre. Diga-se de passagem, é um belo sorriso aquele com dentes também, do tipo que amolece todinho o meu coração.  

Af, é uma bela de uma droga o que tu faz comigo. 

... como faz falta todos os teus risos. Dos mais escandalosos com ruídos engasgados aos mais singelos cantos da boca levantados. Principalmente aquele que acompanhado de um eu te amo quase no mudo, sussurrado, fazia o cantinho direito da tua boca subir num sorrir fechado que parecia querer dizer que todo nosso amor jamais iria embora de dentro de ti.  Mas, ele foi não é? Nosso amor escapou...

Ué, é saudade o nome disso que o azul do mar me proporcionou? 

Faz tanto tempo, não? Tanto tempo que não te vejo estampar um único sorriso. Não porque tu não sorri mais, nós é que não somos mais presença. Mesmo não tendo a sorte grande de espreitar um riso teu de canto, peço aos céus que tu esbanje muitos deles por aí, as pessoas precisam ver coisas maravilhosas como essas.  

É engraçado, mas só de lembrar eu é que estou sorrindo. 

... acho que, no fundo, não muito a fundo eu olharia pro teu olho como com facilidade encaro o olhar intenso do oceano. Não parece, mas teu olhar castanho, pra mim, é mais profundeza que os milhões de mistérios escondidos no mar.

Eu não sei o que seria do meu olhar ao encontrar o teu, nem de todo o resto de mim que habita esse corpo. O que eu faria com um coração açucarado quando a onda nervosa de te encarar levasse toda minha resistência de ti? Quem eu seria sem escudo e capacete diante do teu olhar carregado de munição? Diante da tua boca levemente curvada pra direita bem na minha frente...

Será que aquelas mesmas borboletas que me visitaram em outras primaveras surgiriam em pleno verão que tu me faz sentir? Talvez eu nunca saiba novamente, não é? 

Tudo bem, me resta namorar o mar e abraçar as ondas, enquanto o meu olhar castanho se perde na busca pela tua distante imensidão.  

- Gabrielle Roveda

23 agosto 2017

AMOR É A INCONSTÂNCIA DO SENTIR

Descobrir o amor é como se arriscar numa montanha-russa pela primeira vez, você começa calmo, apenas se deslocando, subindo, encarando pequenas ondulações e frios na barriga em curtos espaços de tempo. E continua subindo, desacelerando, acelerando um pouco mais. Até chegar ao ápice, ao ponto mais alto. E aí você desaba numa onda de adrenalina e medo, nutrindo uma sensação de bem estar e de estômago revirado ao mesmo tempo, até tudo voltar a desacelerar. Tudo, menos o coração. 

O coração continua inquieto, as pernas continuam bambas depois dessa aventura e você olha para trás e a única coisa que consegue pensar é: daria tudo para sentir isso novamente.

E você dá tudo de si, enfrenta seu medo de altura, suas fobias bobas. Sua vontade de desistir fica de lado e você coloca a cara a tapa e encara mais uma vez os altos e baixos, as borboletas no estômago, o sentimento congelante de cair em um poço sem fundo e o medo de não ter uma corda para poder voltar... mas algo te trás segurança, sem saber o que ao certo é isso que te faz ir em frente mais uma vez.

Amar é inconstância, é se jogar no desconhecido como se soubesse lidar, como se o pouco que se conhecesse e a leve experiencia que já se teve fosse o suficiente para acreditar naquele mantra de que vai dar certo a todo custo. A verdade é que não precisa dar certo, amor é dar errado num dia e certo no outro. 

Não existe um padrão que defina qual o ponto exato de perfeição na conexão de duas almas. Só se descobre o amor, amando. Entenda o que eu digo, se descobre o amor, não a definição dele. Quem sente sabe que lágrimas não cobrem o valor do sentir, tempo não cura a cicatriz das lembranças. 

Amor não gera raiva, não gera rancor e ao contrário do que dizem, amor e ódio não andam juntos. Quem cultiva esse sentimento dentro de si, não deixa espaço para o oposto tentar semear. Amor é a inconstância do sentir, a fragilidade de um coração que palpita na adrenalina que o medo trás e consegue enxergar beleza na tensão da conectividade do corpo e da alma. 

- Gabrielle Roveda

05 julho 2017

TU É TREVO DE QUATRO FOLHAS


Tu é o tipo de pessoa rara de encontrar, o mesmo tipo que a gente não esbarra em qualquer esquina por aí, mas que, por sorte, eu tive a chance de esbarrar. Tu é a procura incessante e totalmente falha num jardim enorme de milhões de trevos iguais que só se torna visível para quem repara no que não é tão óbvio, no que não fica tão à mostra. 

Talvez tu não esteja no meio das maiores possibilidades, mas exatamente no que passa despercebido. Talvez invés do jardim, tu esteja ali, no meio de um paralelepípedo qualquer, solitário e perdido, sem chamar atenção, buscando alguém que ache graça em te encontrar tão sem querer. 

E eu tive sorte em te encontrar, tive a sorte vasta de olhar para o que o mundo não percebe e percebi o teu sorriso doce esperando pelo meu olhar confuso. Percebi como o teu jeito único que te faz tão diferente era exatamente o amuleto da sorte que eu precisava ter. Tu é o encontro do diferente em mim que há em ti, como se mesmo disforme e não encaixável ainda fosse a peça que completa o meu quebra-cabeça.

Tu é céu noturno lotado de inúmeros corpos celestes brilhantes que o mundo ignora infiltrado em rotina, mas eu paro para observar. Tu é universo em cada linha de expressão, é ponto a ponto um mapa de novas constelações por ser descoberto. Tu é o detalhe do detalhe que o artista não viu, o pingo na folha branca que significa mais que um simples ponto de tinta numa imensidão oculta. Teu detalhe é, exatamente, como a quarta folha da sorte num trevo camuflado dentro de uma multidão tão igual. 

Tu é o oposto do comum que agrada o mundo, mas exatamente o incomum que agrada a mim. É como manhã fria de inverno e café bem quente, é exatamente aquilo que eu precisava. Tu é trevo de quatro folhas na rotina das minhas obrigações diárias, é esperança no fim do dia. É força para fazer mais e continuar, tu é porta aberta para fora da minha zona de conforto, é telescópio que mostra aquilo que eu não consigo enxergar.

É manhã de domingo à toa, conversa rara e boa. É jeito definido de viver sem definição, é aconchego e colo depois da exaustão. Tu é essência gostosa em manhã de primavera, é brisa do mar, toque de chuva serena e bela. Tu é jeito sem jeito de trazer sorrisos sinceros, é mania boba de expressão. Tu é jeito doce de viver, é sorte viva que cultivei no meu jardim. Tu é pedaço de sonho que faz o meu querer acordar e eu só quero o leve da vida pra te levar.
- Gabrielle Roveda

15 maio 2017

MONÓLOGO NOTURNO DE UMA DEPRESSIVA

Não sei se você já sentiu como se fosse um grande e desnecessário erro, como se um grande vazio a preenchesse, mesmo que isso possa soar contraditório. Não sei se você já sentiu algo te corroendo aos poucos sem descanso, te desmanchando em pedaços dentro de um inteiro, do seu inteiro. Algo que se espalha dentro de si e te destrói, como um soro aplicado na veia que vai se distribuindo pouco a pouco e você consegue sentir aquele incômodo por todos os locais os quais ele percorre. Mas não há como fugir.

Não tem como fazer as malas e se despedir de si. Não há como mandar embora esse vazio horrível que te preenche aos poucos. É um enorme canto escuro que chega, se aloja no interior e não pede licença. Um enorme emaranhado negro que te preenche liberando todas aquelas benditas borboletas no estômago, algo que vem e acaba com o jardinzinho das coisas boas que cultivou aí dentro. Algo que vem para te matar aos poucos, sem consentimento. 

E isso dói, dói porque nenhuma lágrima expulsa esse vazio. Se você pudesse olhar para dentro de mim veria o estrago, notaria no meu sorriso amarelo o quanto estou sofrendo quieta e tentando ignorar a confusão que se alojou em mim. Essa é uma daquelas noites que a gente não aguenta mais, sabe? Um daqueles dias que a gente buscou não desabar por 24 horas, mas talvez uma palavra qualquer retire o último dos pilares de quem tentou se manter forte e tudo desabe. 

Hoje eu me perguntei se o dia lá fora tinha sido bonito, se o sol tinha surgido, pois aqui dentro anda tudo tão nublado que eu nem sei mais qual a sensação de um dia bom. E eu não vi o sol surgir, não só porque aqui dentro armou temporal. Não vi porque me infiltrei nas minhas cobertas, fiz morada na minha cama o dia inteiro e lá fiquei, isolada do mundo, pedindo ajuda em silêncio. Uma ajuda que nem eu sequer sei se realmente quero. 

Ninguém notou. As pessoas nunca notam, mas que culpa eles tem, não é? A gente aprende bem a disfarçar sorrisos, a fazer brincadeiras e fingir que sempre está tudo bem. Ninguém entende como é possível passar madrugadas acordada, sem fazer nada interessante, apenas divagar e mesmo assim ter forças para enfrentar um dia cheio de responsabilidades, mesmo assim não poder fugir da vida que se leva. Ninguém entende a falta de apetite ou outras vezes a compulsão por preencher um vazio, como se qualquer coisa pudesse resolver o problema.

Nada nunca resolve. A gente pode passar horas chorando, dias disfarçando, chega um momento que as frases sem final se obrigam a ser concluídas com alguma pontuação. Não sei se você já se sentiu assim, sem um rumo para seguir, meio que andando na contramão do mundo, meio que apenas seguindo o fluxo. Não sei se você já se sentiu numa grande e contraditória confusão que não tem fim, numa bola de neve descendo um precipício que a cada dia cresce mais.

Tenho andado triste, as coisas que antes me animavam, hoje já não cumprem seu papel. Acho que me perdi na minha própria confusão, no meu próprio vazio, nessa crise existencial. Não sei se você já se sentiu assim, não sei se a depressão já bateu a sua porta e você passou a sentir como se toda a sua vida fosse um enorme erro. Mas se sim, conhece bem a sensação de conformidade que vem agora, ao fechar os olhos e finalmente descansar a cabeça num travesseiro encharcado de lágrimas, aguardando o novo dia com o que restou de esperança.  


- Gabrielle Roveda

24 abril 2017

AMOR, AINDA BEM QUE VOCÊ EXISTE

Ufa, ainda bem que você existe. Já imaginou o trabalho que eu teria se tivesse que te inventar? É que assim, você é meio que a síntese de perfeição do meu mundinho, mesmo que seu padrão seja completamente imperfeito. Confuso, eu sei. Porém, nunca disse que eu não seria esse poço doido de confusão. Amor, agradeço mesmo por não ter que arcar com o trabalho duro de te inventar, já pensou? Logo eu, desastrada como sou, jamais iria conseguir criar alguém assim. Devo parabenizar aos criadores que, querendo ou não, te fizeram meu encaixe perfeito. 

E eu confesso que não tiraria nada de ti, não melhoraria um pontinho sequer, sabe por quê? Porque até dos teus defeitos eu consigo gostar, acho que sem eles não teríamos tantas crises para superar. Sem tua mania de sentir ciúmes adolescente e surtar por cinco minutos, eu não teria com quem me reconciliar depois de uma briguinha momentânea. E sabe? Gosto tanto do teu ciuminho besta de vez em quando, mostra tanto que você se importa em ser único para mim. E pode ter certeza, você é. 

31 março 2017

TÁ FALTANDO EMPATIA NO MUNDO

Hoje me questionei sobre o que é humanidade realmente, no sentido mais profundo da palavra. Procurei e só encontrei falsas promessas no dicionário porque, veja bem, no mundo real a definição é outra. Somos um conjunto de seres com características específicas para a ciência, mas numa explicação mais conotativa somos o resumo de um conjunto de empatas.

É aí que me pergunto: onde estão os seres humanos então? Digo, humanos de fato. Praticantes da empatia, do amor ao próximo, aqueles seres quase em extinção que enxergam além do próprio horizonte visto através de um vidro fosco? Sou apenas eu que os busco e raramente os encontro?

Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro de forma figurativa e, apesar disso parecer tão fútil visto por cima, é por causa da falta dessa habilidade emocional que o mundo anda tão fora de eixo. É por causa da cegueira dessa "humanidade"que o individualismo é bandeira hasteada. O dia em que os seres humanos entenderem que o egoísmo adoece os sentidos, serão menos cegos, surdos e mudos para o próprio mundo e, finalmente, farão jus à palavra que os define no dicionário. 

Tá faltando é empatia no mundo, não é o amor que faz falta. Amar é ligação afetiva e, pense comigo, mesmo esse sentimento necessita extremamente dessa habilidade de compreensão para fluir. Tá faltando é gente que assume seu papel de ser, realmente, humano. Empatia não é só sobre enxergar como seria estar na pele de alguém, vai além de um "eu sei como você se sente". Tá faltando é gente que assume o papel do outro cognitiva, emocional e compassivamente, sem frescuras.

É sobre abraçar a alma alheia num abraço sincero, sobre sentir com o outro, não como o outro. É sobre ter maturidade o suficiente para entender que ser empata é uma das funções mais importantes da nossa inteligência. É abrir mão desse jogo insano de sofrimento individualista, onde se força o mundo a dar o que não está disposto nem a oferecer, simplesmente por egoísmo próprio.

Tá faltando empatia no mundo, tá faltando gente que quebre o limite fosco do horizonte e enxergue mais do que o campo de visão mostra. Ta faltando é muito mais gente que julga menos e compreende mais, mais gente que sente com o coração a vida do outro e não ignora a dor, mas ajuda a moldá-la. O mundo carece de seres humanos verdadeiramente inclusos nessa humanidade não biológica.


- Gabrielle Roveda

20 março 2017

MOÇO, PODE VIR QUE EU TE DEIXO BAGUNÇAR A MINHA VIDA

Nem percebi a hora que você chegou, não fiz questão de perder meu tempo avaliando o relógio, eu simplesmente te quis pertinho sem que o resto pudesse fazer alguma diferença. Te quis aqui para trocar abraços apertados em noite frias como essa mais de uma vez, te quis e quero aqui para poder olhar esse teu sorriso lindo sem me cansar jamais. Te quero aqui para dormir mais uma noite ouvindo tua risada tão gostosa de escutar e dessa vez muito mais próxima ao meu ouvido. 

Não faço ideia do momento em que você surgiu no meu coração e nem como isso tudo foi acontecer. Tá uma bagunça danada aqui dentro, anda tudo revirado e eu nem sei direito bem o que sentir. Você me bagunçou moço, me tirou do ponto de equilíbrio, desconcertou minhas ideias, me fez tirar os pés do chão e voar sem querer voltar. Moço, você não faz ideia da bagunça que deixou aqui dentro, mas quer saber, não ando nem um pouco afim de arrumar tudo sozinha.

Então, vem. Eu te deixo se aconchegar num cantinho do meu coração enquanto preparo ele todo para você. Pode vir, moço. Eu te deixo bagunçar a minha vida, te deixo revirar as minhas ideias se criarmos um mundo novo onde eu possa te ver sorrir. Não me importo com a bagunça, nem reparo nessas coisas, prefiro te ter aqui aconchegado no meu coração bagunçado ao invés de ter que disputar com a distância.

Vem logo, te quero aqui por hoje, amanhã e sempre. Mora no meu abraço, vem esquentar o ladinho gelado do colchão que espera teu corpo para repousar ao lado do meu. Vem roubar minhas cobertas, escorregar tua mão gelada pelo meu corpo e causar arrepios com risadinhas. Vem e me aquece no teus braços nas noites frias, morde devagarinho minha boca, beija minha bochecha e deixa eu brincar com o teu nariz num beijinho de esquimó. 

Moço, pode vir que eu te deixo roubar minhas horas de sono na madrugada, te deixo fazer a noite ser mais bonita só por te sentir mais próximo. Vem comigo olhar a lua, deitar na rua e contar as estrelas, mergulhar nas constelações e te beijar sem ver o dia amanhecer. Pode vir, eu não me incomodo em passar domingos preguiçosos com pipoca e bons filmes desde que me deixe ser teu player 2 eternamente. 

Tá esperando o que, moço? Por que ainda não chegou? Eu te espero com um café bem quente e a gente pode até pedir uma pizza ou fazer bagunça na cozinha. Vem logo para eu te lambuzar com chocolate, te encher de cócegas e te trazer para o meu mundo de uma vez por todas. Não aguento mais essa distância de você, pode vir logo que eu vou ficar louca se não fizer da minha a nossa bagunça.

- Gabrielle Roveda

01 fevereiro 2017

NÃO DEIXE UM ESCRITOR SE APAIXONAR POR VOCÊ

Não. Nunquinha. Jamais se apaixone por uma pessoa que escreve se não quiser ser despido com o olhar mais profundo que vai conhecer. Não deixe um escritor se apaixonar por você, pois ele vai te decifrar, talvez, até mais que você pensa. É o tipo de pessoa que vai te observar de canto, meio disfarçado, cuidar dos seus incontáveis jeitos de sorrir diferente e atribuir cada um a um sentimento especial e assim, te descobrir nas linhas de expressão que nem você percebe.

Não se apaixone por alguém que escreva se não quiser ser reparado nos mínimos detalhes, se quiser deixar passar aquela maldita cicatriz de espinha na adolescência que ficou bem no meio do seu nariz, um escritor vai reparar mesmo que não comente. E vai fazer poesia do seu jeito torto de andar, da sua reboladinha inevitável ao caminhar, das suas cutículas roídas e até do desenho abstrato da sua íris. É inevitável e nada será mais justo que alegar licença poética para fugir de uma discussão. 

Não deixe um escritor se apaixonar por você se não quiser ser eternizado em milhares de textos soltos por aí e nenhum em especial totalmente direcionado à você. Não é de propósito, mas eles sabem que aquelas palavras que te descrevem precisam se encaixar em outros corações também. Não se apaixone por um escritor, é o único conselho que posso dar.

Não se apaixone se não quiser quebrar expectativas e viver fitando olhos com o brilho mais estranho que você verá, com entusiasmo no olhar. Escritores não param de pensar, não deixam de tentar poetizar mais do que uma folha de papel, não se contentam até não conseguirem levar todo o seu romantismo exagerado para a realidade. Vão criar metáforas cafonas, cenas caóticas e momentos marcantes esperando que tudo soe como numa cena de um livro de romance e você vai ser personagem das esperanças frustradas de diálogos frouxos que quase nunca ocorrem como o planejado.

Não deixe que um escritor se apaixone por você se não quiser receber palavras como presente em todos os momentos que soarem meio especiais e até quando nem momentos para se comemorar tiverem. Não se deixe levar pelo jeito maroto, pelo sorriso encantador e por aqueles calos nos dedos onde a caneta vive apoiada. Não se apaixone pelas palavras que parecem melodia em um conversa fiada, nem pelos conselhos clichês que chegam de mansinho para te fazer sorrir. Escritores te eternizam no papel, na vida, nos traços da própria alma.

Não goste tanto assim de um escritor se não suportar tanto café em um dia só, se não se sentir bem ao meio da noite só por se deparar com o cantinho da cama vazio e o feixe de luz do abajur na sala clareando os devaneios noturnos cheios de novas ideias que o obrigam a levantar e escrever.  Não deixe um escritor se apaixonar por você se não quiser que ele revele seus maiores segredos em linhas tortas disfarçadas de poesia, pois eles não vão esconder os detalhes do seu cabelo de espantalho ao acordar e muito menos a sua mania de coçar o bumbum que ficou marcado pelo tecido da poltrona da sala... escritores não encontram restrições, tudo é poesia. Acostume-se ou nem ouse conhecer esse mundo.

Não se apaixone por um escritor, eles tem uma ótima lábia e sabem te levar para onde quiserem ir só com o gostinho de palavras bem ditas. Abra bem os olhos para não cair cegamente nas frases bem formadas, porque a partir dali já não há mais volta. Não se apaixone por alguém que escreve porque pode ser que não queiram nunca escrever sobre você, queiram escrever apenas sobre os fatos do mundo. Não espere que um escritor te mande cartinhas por obrigação, pois a escrita é sagrada ao seu ver para ter que fazer por mal gosto.

Não deixe que um escritor se apaixone por você se não quiser se manter vivo mesmo após o fim, se não quiser que ele enxergue o seu lado bom em meio a tantos podres. Não se apaixone por um escritor se não quiser viver o bom do mundo visto de um novo ângulo, se não quiser ser poesia em mãos apaixonadas, se não quiser que linhas sejam insuficientes e palavras indescritíveis sobre tantos milhões de sentimentos. Não deixe um escritor se apaixonar por você, deixe-o, entre tantas exclamações, simplesmente amar você!


- Gabrielle Roveda

26 janeiro 2017

DEIXA EU ME PERDER NO TEU SORRISO

Desculpa se sem querer me apaixonei pelo teu sorriso, eu nem tive a intenção. Essas coisas meio que acontecem, não é? Pelo menos é o que dizem por aí. A verdade é que eu nunca soube bem como lidar com as coisas do coração, dessa vez não seria diferente. Sou só uma mera aprendiz nesse negócio de enxergar pouco em quem parece ter sempre mais a oferecer e eu te vi mais fundo do que deveria, talvez eu só ache que teu olhar quis é me mostrar mais do que eu estava acostumada a enxergar. Sabe, sou coração mole, algumas pessoas me encantam mais do que o normal.

É que você me tocou sem sequer me encostar, moço. E eu te abracei com meu olhar, te trouxe para pertinho e quis cuidar das tuas angústias como se minhas conversas sem nexo e minhas piadas bobas pudessem te curar do mundo. Eu pisquei e você já fazia parte da minha insônia numa madrugada qualquer, nem tive tempo de me dar conta disso. Não tive tempo de negar ao coração a tua presença aqui dentro. Não me contive, me perdi no teu sorriso, na curva bonitinha que se forma na tua boca e acho que vou demorar para me encontrar já que a cada novo sorriso teu me perco um pouco mais. 

Moço, me explica essa sensação de inverno e verão que volta e meia aparece na tua presença, me diz por que é que eu travo, por que o chão parece de algodão e eu já não sei bem como conversar direito? Já te falei que não sou fã de borboletas? E talvez nem época seja, mas elas florescem aqui dentro e fazem uma bagunça danada sem pedir sequer licença ou pagar o aluguel adiantado ao meu estômago. Você chegou tão sem querer, moço, e já confundiu tudinho aqui dentro. 

Acho que um dia eu tomo jeito, moço. Descubro a força do hábito e paro de me encantar com brilhos no olhar e sorrisos sinceros, talvez eu pare de perceber no mundo a profundidade escondida das pessoas. Um dia eu tomo jeito e deixo de lado os sorrisos bobos que me encantam com facilidade, te deixo pegar na minha mão, entrelaçar teus dedos nos meus e passo a reconhecer o teu perfume mais de perto. Talvez eu tome jeito de uma vez por todas e pare com essa mania de poetizar todas as coisas ou quem sabe crie coragem de conseguir te olhar e ver não só o desenho abstrato da tua íris, mas o que tem lá dentro do teu coração. Talvez até me deixe conhecer teus sorrisos de canto que me encantam tanto. 

Chega de mansinho, moço, mas chega. Vem mais pra perto, não faz isso de esbarrar teu corpo no meu, te tocar de leve me causa arrepios. Não deixa tua pele só encontrar a minha num rápido segundo, pega minha mão com vontade, me coloca no colo e troca esse abraço que só meu olhar já trocou. Deixa eu te sentir aqui perto, diz para mim, com essa tua voz calmaria que também sou motivo de alguma das tuas insônias, que aquele bobo sorriso por qual me apaixonei foi só uma tática pra me trazer pra perto. Chega devagarinho, sorri mais uma vez, deixa eu me perder no teu sorriso.

- Gabrielle Roveda

11 janeiro 2017

VOCÊ É A SAUDADE DE QUEM?

Hoje eu parei para pensar nas coisas da vida, não que isso geralmente não aconteça, mas hoje eu lembrei da saudade e do quão presos a coisas do passado ela nos deixa. Me perguntei quantas saudades diferentes eu sinto e se há alguma forma de ordenar por importância e intensidade, fracassei na resposta. Não encontrei a maneira certa de entender a categoria de cada saudade, mas descobri que individualmente são extremamente importantes.

Sou um poço de saudades, de passados não esquecidos querendo ser revividos como se pudesse haver um pequeno botão de "replay", de gente que foi embora e nunca mais deu as caras por mero orgulho. Sou dessas que não gosta nada de deixar ir para sempre, a opção é de cada um, mas o sentimento é só nosso. É difícil domar a saudade, sentimos falta, queremos perto e na maioria das vezes o pedido do coração não é atendido.

29 dezembro 2016

É TEMPO DE COLOCAR A VIDA DE VOLTA A VIVER

É quase meia-noite e falta pouco tempo até o ano acabar e o relógio marcar 23:59 do último dia do calendário.  Tempo em que se repara no tempo: perdido, aproveitado, deixado de lado, reclamado, tolerado, apressado. Tempo em que se fala de esperança como foi falado há cerca de trezentos e tantos dias atrás, onde tudo eram metas no papel que, talvez, hoje ainda nem tenham sido concluídas. Falamos de tempo quando nos falta o dito cujo, falamos de tempo quando achamos que o merecemos ter quando, na verdade, ele esteve ali o "tempo" todo e passou despercebido. 

Acho irônica essa época do ano: parece que as pessoas ao invés de se desligarem para relaxar, se ligam. Apertam o botãozinho de "acordei para a vida" e descobrem que os dias todos que ficaram para trás não foram úteis para o que mais traria felicidade. Nos enchemos de esperança ao findar de um ano como se um milagre fosse resolver nossos problemas e esquecemos que para conseguir tudo aquilo que almejamos de barriga cheia é preciso muito esforço e uma dose grande de esperança contínua. Não basta almejar na empolgação do momento e deixar essa vontade para depois porque a desculpa, talvez, seja não ter tanto "tempo".

06 dezembro 2016

HOJE A NOSSA MÚSICA TOCOU

Era quase meia-noite, a luz do abajur já tinha começado a fazer minha cabeça doer, meus olhos pesavam querendo descansar, mas eu insisti em abrir a saudade engaiolada em um site qualquer. Digitei aquelas letrinhas e com um clique estava eu na página onde eternizei meus momentos com você, a playlist automática começou a tocar e o assovio doce daquele cantor descontrolado me fez viajar para onde estava negando ir: até você. 

Quis doer a falta que eu sinto aqui dentro, mas eu sorri. Sorri para todas milhões de lembranças que passaram num filme rápido em minha cabeça. Nossos pés na areia no fim de ano, a brisa morna do vento salgado da praia se chocando com nossos rostos, a lua sendo cúmplice do nosso romance. As mil vontades adolescentes de dominar o mundo antes dos 20 anos e todo o excesso sentimental que não sabíamos domar veio a tona. 

28 novembro 2016

ELA NÃO É TUDO ISSO, MAS É ELA MESMA

Não é como se fosse um projeto de boneca perfeita feita exatamente para agradar, pelo contrário cara, ela não é perfeita e nem quer ser. Ela não é tudo isso que mostram nas revistas, o corpo não é escultural e o mais bonito é que photoshop nenhum esconde as cicatrizes nos joelhos de menina pirralha. Ela não é nem de longe o modelo de exemplo da sociedade, não tem os olhos mais lindos do mundo, mas tem o olhar mais sincero de todos e isso é o que realmente vale. 

Não nasceu pré-determinada, mal sabe o que fazer do próprio futuro mesmo que siga em frente com os objetivos. É desastrada e não tem vergonha de admitir as próprias falhas. Ela é sincera, sabe o que não quer e não lida bem entre escolher aquilo que quer. É uma pessoa qualquer cheia de sonhos e desapontamentos que vive batendo o dedinho na quina dos móveis quando esquece o horário de acordar. Ela é atrasada, desengonçada, anda esquisito e tem manias estranhas, mas é ela mesma.

Ela não é tudo isso que vivem procurando por aí, não tem o melhor cabelo do mundo e o sorriso nem é tão bonitinho assim, porém é extremamente espontâneo. Ela é leve o suficiente para parecer linda sem ser tudo isso, tem uma voz que contagia e uma risada que faz o mundo querer rir junto. Não, ela não anda com roupas da moda, prefere calça de moletom ou cara limpa no dia-a-dia e tudo isso, ao invés de deixá-la ridícula, a deixa cada vez mais linda.

Ela não se importa com as peculiaridades da ditadura da beleza, ela tem personalidade própria para não se deixar levar pela poluição informativa. Não é do tipo que chama atenção, quando passa quase ninguém olha e talvez, quando olhem vão rir do modo descontraído de se portar. Mal sabem esses que o mais importante não é beirar o ridículo para o mundo e sim, sentir-se bem consigo mesma. E ela preza a sua autoestima, ela se conhece tão bem que não se abala com as fofocas corridas. 

Ela é tão ela mesma que gera inveja ao redor, uma inveja que ela transforma em amor no filtro da sabedoria e envia de volta. Ela não segue padrões expostos, faz um pouco de tudo por simples prazer e nesse tudo, nada é certo. Ela tenta e não desiste de ser diferente na vida, não quer andar na linha tênue robotizada da humanidade, ela é diferente. 

É extravagante, despreocupada, não sente vergonha de expor sua criança interior na vida adulta, é decidida, tem um foco extremo e uma preguiça incontrolável. Ela não é um exemplo a ser seguido, não merece aplausos por seus feitos e não é dona de uma vida invejável. Ela é simplesmente ela mesma, sem mistérios. Por fora um poço de liberdade, uma vida aberta sem medo de expor seus sentimentos, por dentro um labirinto infinito de descobertas cada vez mais incríveis.

Não se deixa abalar pelos desprezos ocultos, não se importa com os olhares tortos. Ela retribuí o mundo sorrindo, é grata por cada novo dia. Por cada novo brilho no olhar e ensinamento diário. Ela é dona de si, preza o autoconhecimento e não tem vergonha de dizer que prefere um livro à uma festa até a madrugada. Bebe suco de laranja em meio a gente bêbada de dores esquecidas e sabe ser feliz sem precisar de outras essências além da dela. Cara, ela não é tudo isso que almejam por aí, mas o que faz dela tão interessante é que é apenas, ela mesma.

- Gabrielle Roveda

10 agosto 2016

JÁ FAZ UM TEMPO QUE QUERIA TE DIZER

A verdade é que eu nunca soube bem como começar, essa mania por tomar iniciativas é um pouco aterrorizante para mim. Não espero que entenda, talvez só queira realmente dizer para deixar ir o que incomoda aqui dentro. Sou pessoa de coração mole, sabe? Do tipo que se apaixona fácil ao menor carinho possível. E é uma droga isso tudo, porque eu já gostava de você muito antes de haver qualquer demonstração de afeto. Desculpa, mas esse é o meu jeito meio torto de ser e não posso pedir que se acostume, pois nem eu me acostumei ainda.

Já faz um tempo que eu queria te dizer todas as coisas mirabolantes que passam pela minha cabeça, em como eu posso ser complicada e ao mesmo tempo te fazer feliz sem esforço algum. Faz um tempo que eu decidi que queria estar com você, com maturidade e com sonhos de um "felizes para sempre". Eu sei, sou uma idiota bobona que acredita em contos-de-fadas reais. E talvez você não esteja nem perto de ser um príncipe, nem sei se quero que seja, só queria mesmo é que não fosse tão pouco para mim.  

Há um sentimento tão bonito aqui dentro, tão gentil para ser desperdiçado assim, para não ser sequer valorizado. Há tempos deixei aprisionado e, do nada, você chegou com um riso frouxo, abriu caminho para o meu coração chegar mais perto do teu e foi embora. Talvez não doa como deveria doer, pois foi tudo tão rápido que nem deu tempo de digerir. O problema é que foi intenso, se não para você, pelo menos para mim sim. Já faz um tempo que eu queria te dizer que guardei meu sentimento para quando você chegasse com sua coragem reprimida, só não esperava que tudo virariam cinzas.

Já faz um tempo que eu queria te mostrar que a vida pode ser ainda mais colorida, que podemos conhecer o mundo se tivermos de mãos dadas, que eu confiaria a ti meus mais obscuros segredos e te deixaria descobrir o labirinto de confusões que sou por dentro. Eu te assustaria com tanta coisa doida, te traria para perto com minha inocência infantil e, acima de tudo, te respeitaria Só queria que entendesse que por tanto te esperar não posso te deixar com tanta facilidade.

Já faz um tempo que eu queria te dizer que não sou como qualquer outra que conheceu, talvez não siga o mesmo ritmo de vida do seu ou talvez não seja aquela que esperou que eu fosse. Não custa dar uma chance para fazer certo dessa vez, não é fugindo das situações que se resolve as coisas. Não estraga a visão bonita que eu tenho de você, não destrói esse sentimento bobinho que nasceu aqui dentro, a gente pode recomeçar e fazer melhor dessa vez. Por isso já faz um tempo que tudo o que eu queria te pedir é que confiasse em mim, assim como eu confio em você.

19 julho 2016

SÓ QUERIA QUE TUDO FOSSE MAIS SIMPLES

Às vezes tudo o que a gente precisa é daquilo que é simples, daquilo que de tão comum parece se tornar singelo. Tem vezes que precisamos de metáforas, das mais cafonas e antiquadas possíveis. De clichês baratos, de sentimentalismo exageradamente brega. Há dias em que é preciso desapegar de rotinas, enfrentar as leis que regem o universo e só desejar que, mesmo em guerra com você, ele resolva conspirar à seu favor.

Hoje eu só queria que tudo fosse mais singelo, mais comum e menos detalhado. Queria poder fechar os olhos ao caminhar com a certeza de que não tropeçaria em canto algum. Queria olhar a lua e estender o braço sabendo que iria alcançá-la, sussurrar minha prece ao vento e saber que chegaria aos teus ouvidos. Eu queria poder dormir sem que a ansiedade me matasse por dentro, deitar a cabeça no travesseiro e não ser despertada por pesadelos reais. Eu só queria poder ver a vida da forma mais simples que ela pode ser e deixar de lado essa mania de complicar as coisas.

Para hoje eu despejaria mil frascos de amor em cada coraçãozinho desacreditado, espalharia o perdão pelos rancorosos de esquina e priorizaria o ser humano como ele deveria ser, não como ele é. Eu só queria a essência do simples que escondemos em baixo de mil faces, gostaria de poder compartilhar de sentimentalismo, das verdades que cada um guarda na alma. Hoje eu queria um amor por inteiro, daqueles que não entregam o físico, mas o que tem lá dentro. Um amor que venha para mudar, para enfrentar as barreiras que a cultura nos dá, para somar as incertezas do caminho e cessar a sede de risadas. 

Eu queria que o mundo fosse dos poetas, dos loucos, dos donos de espíritos sedentos pela liberdade de viver. Queria que o mundo fosse daqueles que inspiram amor quase como cupidos de uma sociedade mal estruturada. Como eu queria que o mundo fosse só um pouco mais simples, mais livre de rotinas, menos regrado de mandamentos. 

Hoje eu só queria que tudo fosse mais calmo, que o aroma fosse doce, que não houvesse desavenças. Queria um mundo onde as pessoas tivessem brilho no olhar, fossem apaixonadas por cada minuto que dedicam aquilo que fazem, um mundo onde o mundo fosse menos mesquinho. Eu só queria que as pessoas entendessem que talvez regar um mundo mais doce possa trazer uma vida menos amarga.

06 julho 2016

TALVEZ ISSO SEJA SOBRE VOCÊ

Há horas a única coisa que consigo fazer é encarar as linhas que imploram para serem preenchidas com uma enxurrada sentimental, as mesmas querendo ao mesmo tempo dizer tudo e, por fim, não conseguindo dizer nada. Há horas encaro o vazio na minha frente pedindo para escrever o teu nome no invisível das minhas frases cafonas, nas entrelinhas do meu vago pensamento. Há horas eu encaro teu sorriso na minha mente vagando, chegando calminho e pedindo para que eu escreva o que, mais uma vez, você não vai se dar nem ao trabalho de ler. 

E mesmo assim continuo encarando esses fragmentos perdidos como se fossem um tipo de libertação, algo que diminuísse sua porcentagem de mim. Talvez eu acredite que te eliminar do meu pensamento seja muito mais fácil dessa forma, ou talvez eu esteja redondamente enganada e isso acabe fortalecendo o que nem sei se quero que ganhe forças. Eu tento escrever sobre você, mas as palavras parecem ficar engasgadas, entupidas no meu interior. Parecem lutar contra minha vontade de jogá-las para fora, de mostrar que o mundo talvez precise mais delas do que minha ansiedade acha que necessita.

Talvez isso ainda seja sobre você, de algum modo, de uma forma meio esquisita. Talvez essas palavras que não querem ser cuspidas só queiram o calorzinho do meu sentimentalismo brega, queiram apenas um abrigo no meu íntimo e mole coração. Talvez apenas enxerguem uma forma diferente de chegar mais perto de você, me apertem o peito e façam morada onde você já está hospedado há dias. Essas palavras trancafiadas por uma insegurança impenetrável não querem me deixar, não querem dar lugar a nenhuma coragem metida, preferem ficar amigas do meu orgulho idiota. 

Talvez as abrigando aqui, quentinhas, eu te sinta mais perto. Talvez não as deixando ir embora pela ponta dos meus dedos, você, assim como elas, também resolva ficar. Talvez por um acaso, por obra do destino, pelas mãos de algo maior que eu, você não prefira voltar atrás? Logo eu, com essa mania incansável de me expressar, que levo jeito para me expor, não consigo deixar você ir embora de mim nem pelas vírgulas dos meus parágrafos inacabados. 

Talvez isso não seja sobre você, mas sobre minha nota mental de incapacidade demonstrativa. Ou talvez isso realmente seja sobre você, da forma mais esquisita e confusa que pode ser. Do meu jeito torto de demonstrar, da minha mania incessante de amar e do meu medo em te deixar enxergar. Talvez seja apenas isso mesmo: minha confusão causando embaraço no excesso sentimental que me ronda. Não espero que entenda, não acho que seja algo para compreender. No final, acho que talvez isso seja sobre você apenas para dizer que não dormiria sem conseguir, de alguma forma, te dizer que meu último pensamento ao adormecer, queira eu ou não, será você. 

02 julho 2016

NÃO CONSIGO TE DEIXAR IR

Você chegou como quem não quer nada e acabou roubando um pedaço de mim sem nem perceber. Roubou minhas noites calmas, meus pensamentos vazios pela manhã e até o gosto amargo dos meus dias. Você chegou e junto trouxe esse teu riso frouxo, tua mania incansável de me divertir só com o olhar, teu jeito bobo de se portar e  até essa tua voz virou melodia no meu dia-a-dia. Você chegou, sem avisar, sem bater na porta. Entrou e não pediu licença, roubou minha atenção, destruiu qualquer muralha que eu tinha construído ao redor do meu coração e depois foi embora por um receio egoísta.

Te peço desculpa se não consigo aceitar que tudo tenha sido tão rápido, se não me permito te deixar ir. Eu que com minha inocência infantil e essa mania de me entregar fácil me apaixonei pelos teus mínimos detalhes em tão pouco tempo te peço desculpa. Talvez nada disso importe, talvez só saiba brincar com os sentimentos de alguém e logo após jogá-los fora. Realmente não queria pensar que foi assim, não queria que as coisas mais uma vez não dessem certo. Desculpa, esse é o meu jeito cafona de ser, não costumo brincar com as coisas do coração por mais brega que isso possa parecer.

Já não tenho controle sobre os meus pensamentos, o travesseiro parece ser seu aliado, cada nova noite meu último pensamento corre solto sobre você e eu juro que luto para pensar em qualquer outra coisa. E como eu queria esquecer do pouco que passei ao teu lado, como eu queria ser mais dura comigo mesma - mais fria quem sabe -, e conseguir ignorar o que faz borbulhar meu estômago num misto de borboletas inquietamente chatas. Mas eu não sou assim, sou aquela romântica completamente incorrigível que não dá o braço a torcer, aquela que não aprendeu a desistir dos próprios sentimentos. 

Não consigo te deixar ir, por mais que queira se afastar. Nenhuma distância, física ou mental, vai mudar o grau de importância que já tem na minha vida. E talvez isso nem te incomode, não mude os fatos, talvez nem sequer isso tudo importe, mas a verdade é exatamente essa: eu não consigo deixar meu sentimento escorrer pelos dedos tão facilmente. Eu diria que pode ser paixão besta, mas tenho certeza que não é. Eu não quero nada mais do que tua presença e isso soa tão estranho para mim, não preciso das tuas demonstrações de afeto se tiver o teu carinho no olhar. Não te quero por momento, talvez meu coração te queira para a vida e isso me assusta.

Tenho medo de me aproximar, tenho medo de fazer dar certo e mais medo de que dê mais errado ainda. Desculpa por ser essa confusão ambulante, por nem saber ao certo o que é o certo. Uma vez me disseram que certo é o que o coração sente, então talvez te dizer tudo isso seja a melhor forma de agir. Eu já sinto a tua falta e talvez tenha te visto passar por mim ontem mesmo, já sinto saudade do teu brilho no olhar quando me encarava, da curvinha do teu sorriso quando se perdia em pensamentos me analisando em cada detalhe, da tua mão deslizando pelo meu cabelo, pelo carinho dos teus dedos delicadamente passando por meu rosto. Eu sinto a tua falta, pode me culpar por ser tão boba, te dou toda a razão.

Sei que nada muda a tua decisão de ir para longe, mas saiba que cada vez que tenta se afastar leva um pedacinho meu contigo. Talvez um dia entenda que eu não me apaixono por qualquer pessoa, que isso vem de muito tempo antes da primeira demonstração de afeto, talvez um dia entenda que não é fácil te deixar ir quando na minha cabeça planejei muito mais que só alguns momentos. Talvez um dia entenda o porque de eu não conseguir te deixar ir e torço muito para que não seja tarde. 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...