06 julho 2016

TALVEZ ISSO SEJA SOBRE VOCÊ

Há horas a única coisa que consigo fazer é encarar as linhas que imploram para serem preenchidas com uma enxurrada sentimental, as mesmas querendo ao mesmo tempo dizer tudo e, por fim, não conseguindo dizer nada. Há horas encaro o vazio na minha frente pedindo para escrever o teu nome no invisível das minhas frases cafonas, nas entrelinhas do meu vago pensamento. Há horas eu encaro teu sorriso na minha mente vagando, chegando calminho e pedindo para que eu escreva o que, mais uma vez, você não vai se dar nem ao trabalho de ler. 

E mesmo assim continuo encarando esses fragmentos perdidos como se fossem um tipo de libertação, algo que diminuísse sua porcentagem de mim. Talvez eu acredite que te eliminar do meu pensamento seja muito mais fácil dessa forma, ou talvez eu esteja redondamente enganada e isso acabe fortalecendo o que nem sei se quero que ganhe forças. Eu tento escrever sobre você, mas as palavras parecem ficar engasgadas, entupidas no meu interior. Parecem lutar contra minha vontade de jogá-las para fora, de mostrar que o mundo talvez precise mais delas do que minha ansiedade acha que necessita.

Talvez isso ainda seja sobre você, de algum modo, de uma forma meio esquisita. Talvez essas palavras que não querem ser cuspidas só queiram o calorzinho do meu sentimentalismo brega, queiram apenas um abrigo no meu íntimo e mole coração. Talvez apenas enxerguem uma forma diferente de chegar mais perto de você, me apertem o peito e façam morada onde você já está hospedado há dias. Essas palavras trancafiadas por uma insegurança impenetrável não querem me deixar, não querem dar lugar a nenhuma coragem metida, preferem ficar amigas do meu orgulho idiota. 

Talvez as abrigando aqui, quentinhas, eu te sinta mais perto. Talvez não as deixando ir embora pela ponta dos meus dedos, você, assim como elas, também resolva ficar. Talvez por um acaso, por obra do destino, pelas mãos de algo maior que eu, você não prefira voltar atrás? Logo eu, com essa mania incansável de me expressar, que levo jeito para me expor, não consigo deixar você ir embora de mim nem pelas vírgulas dos meus parágrafos inacabados. 

Talvez isso não seja sobre você, mas sobre minha nota mental de incapacidade demonstrativa. Ou talvez isso realmente seja sobre você, da forma mais esquisita e confusa que pode ser. Do meu jeito torto de demonstrar, da minha mania incessante de amar e do meu medo em te deixar enxergar. Talvez seja apenas isso mesmo: minha confusão causando embaraço no excesso sentimental que me ronda. Não espero que entenda, não acho que seja algo para compreender. No final, acho que talvez isso seja sobre você apenas para dizer que não dormiria sem conseguir, de alguma forma, te dizer que meu último pensamento ao adormecer, queira eu ou não, será você. 

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