Mas de todas as vezes que me desfiz nas tuas mãos, em nenhuma medi esforços para recuar.
Defini um mantra de que não cederia à essa paixão entrecortada, de que não me entregaria a uma sinopse de um romance nem sequer escrito.
Mas cedi.
Me entreguei antes mesmo de ser.
Me entreguei antes do primeiro beijo.
Muito antes de conhecer o teu sabor.
Já havia me entregado à ti ainda no olhar.
Na tensão que crescia em euforia a cada troca de atenção disfarçada.
Na profundidade omissa que o espaço entre nossos lábios já carregava.
Nas pupilas dilatadas lotadas de um mar de possibilidades inimigináveis que nos fizeram querer experimentar quais seriam os frutos dessa imaginação.
Eu me entreguei antes de querer me entregar.
E em todas as vezes que neguei estar entregue...
Me entreguei a cada toque teu que dissipou calor em mim.
Em cada segundo que descongelou meu coração com teu corpo quente.
Em cada lapso de ansiedade que te encontrar me causava.
Eu me entreguei a cada palavra que perdi ao falhar da voz na tua presença.
A cada transbordar de ação do nosso nós em sintonia.
O agir silencioso sempre gritou mais alto que as palavras.
Só que eu prometi que não me entregaria...
E já estava entregue muito antes de pensar em não estar.
Talvez o que nunca quis, de fato, era não me entregar.
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