24 setembro 2024

QUERO MERGULHAR EM TI SEM PRECISAR VOLTAR

Sinto que estou sempre te perdendo entre os dedos, como quem tenta segurar a água do mar na palma das mãos e não consegue. Te sinto deslizar pra longe, escorregar entre quaisquer resquícios de fuga que encontra pelo caminho, na busca incessante de voltar ao seu imenso oceano particular

Te sinto ir, querendo voltar

Como se no balanço das ondas, ao mesmo tempo, que me joga para longe, volta para me buscar

E nessa dança instável das tuas idas e vindas me vejo refém da maciez da areia e de joelhos fracos que se travam na busca de encontrar algum ponto de equilíbrio para não desabar

E eu só posso confiar em mim nessa imensidão de você. Em mim e em um joelho travado que parece querer quebrar a cada golpe certeiro teu

Tu me desequilibra, mas eu não me afasto. 

Porque a verdade é que não quero estar na beira lutando contra a tua maré, se pudesse mergulhar em ti, já estaria em alto mar faz tempo

Se meus joelhos deixassem, não tentaria só te agarrar com a ponta dos dedos na tentativa fútil de manter um pouco do teu eu entre as minhas mãos. 

Se meus joelhos deixassem até barco de papel resistiria a tempestades para que eu pudesse navegar em você.

Se meus joelhos deixassem, se renderiam ao menor golpe teu e confiaram no meu próprio corpo que sabe perfeitamente como nadar nas tuas intensidades caóticas sem se afogar.

Se meus joelhos deixassem não temeriam a frieza do tempo, porque no fundo do oceano a densidade torna a água amena. Porque mesmo que o sol não alcance a superfície e a aqueça, sempre tem uma corrente de calor no fundo que te acalenta e conforta

O problema nunca é mergulhar em dias frios, o problema é sempre o vento lá fora quando a gente sai da água. Mas quando se trata de mergulhar em ti, quero imergir sem precisar ter que voltar pra terra.

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