Escrevi saudade nas entrelinhas do meu involuntário pensamento e meu consciente te fez presença num rabisco com teu nome, num breve vestígio de nós dois lotado de significados ocultos que eu talvez, me faça querer negar.
É que deu saudade, sabe, da sensação dos teus dedos encaixados nos meus, do teu olhar analítico tentando me desvendar sem sucesso, da tua intensidade aplanada pelo receio de ir além. Deu saudade do gosto doce da tua boca na minha, da nossa mistura indecente e do teu beijo macio tão encaixe do meu.
Nasceu uma sensação estranha de cócegas no estômago diante dos resquícios das vãs lembranças tuas e eu te trouxe pra cá, inocente, como quem sonha acordada e te molda num vácuo imaterial. Te construí com o mesmo sorriso curvado pro lado que me ganha sem nenhum esforço e mais uma vez senti teu corpo colado no meu, as tuas mãos a viajar pelo meu isentas de qualquer timidez.
Até deixei nutrir um calorzinho dentro do peito, território arriscado do qual ninguém consegue chegar fácil assim. Fui passear com a saudade e acabei por parar na tua porta, pensei em entrar sem bater, te abraçar apertado e inconsequentemente, te roubar para mim, uma pena a distância inconstante da realidade me impedir.
Pensei em te ligar, dizer que meras mensagens não me são suficientes, que sinto falta do som da tua voz que difere em tons suaves quando direcionada a mim. Gritar no teu ouvido que você levou um tantão de mim e esqueceu pedaços de você por aqui. No entanto não saberia como falar, pois minha mente ansiosa tão cheia de assuntos poderia facilmente se perder num foco único de você.
É que deu saudade, sabe, das coisas breves que vivemos e daquilo que não tivemos chance de compartilhar. Fico me perguntando enquanto escrevo linhas que, talvez, por ti nem sejam lidas o quanto disso tudo é recíproco, se for. Sei lá, será que as memórias de mim, por um acaso, também te causam certo calor no coração?
Sabe, é tão irônica essa presença que tu me é sem nem me ser, sem querer.
Você aí, no seu mundinho e eu aqui te invadindo em pensamentos numa distância imoral. Um "aí" tão regado de sorte por te ter enquanto o meu "aqui" vira a noite ao se perder na imatura e insaciável vontade de você.
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