Você me puxou para dentro, tal como as ondas do repuxo e eu nem tive chance de bater os pés e nadar para longe. Talvez a verdade seja que não quis fugir de ti. Pelo contrário, me afoguei na tua imensidão sem a pretensão de retornar.
Mergulhei na escuridão do teu ser feito incógnita, fui levada para alto mar sem ter chance de construir sequer um frágil barco de papel para me salvar. Tive que entender os teus caminhos sem as tuas palavras guias, aprender a me situar só com a companhia das estrelas.
Me fiz onda para poder em ti navegar, me misturei à poesia do silêncio que ecoa no oco vácuo do teu vasto mar, nas entrelinhas que me deixou para desvendar.
Eu bem sei que esse teu olhar enigma esconde tesouro de pirata, mas perdão, pirata eu não sei ser. Nem mapa sei traçar, não quero ter que te buscar em algo simples que reluz. Luz mesmo só desse teu sorriso sacana que se fez meu farol bordado de defeitos, entenda, cada vez que tu sorri ao invés de me encontrar, eu me perco.
Parece de propósito esse caos que tu me causa, de entrar e não conseguir sair. Tanto barco atracado, tão pouco espaço no teu píer para colocar meu barquinho e ainda assim tu me leva para navegar sem me ter onde guardar.
Eu, que sem bússola resolvi me aventurar, me perdi no calor de verão do teu ser salgado, no teu beijo doce tão encaixe do meu e já não sei não querer me aprofundar.
Deixa eu mergulhar em você, moço? Não sei mais ficar no raso.
Deixa eu levantar âncora e viajar entre as tuas linhas, te descobrir com poesia no misturar do teu sabor ao meu.
Deixa moço, deixa eu navegar nas tuas ondas até que numa dessas tuas ressacas vazias eu acabe naufragando de vez?
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