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Das coisas que preenchem minhas insônias recorrentes, teu sorriso se fez lembrança constante desde que fiz o tempo correr em câmera lenta para conseguir gravar com perfeição cada detalhe dele.
E não digo que fiz o tempo parar como se eu fosse algum "senhor do tempo" velho e barbudo que pudesse paralizar o momento só para te ver sorrir, mas naquele instante entrei em transe, numa outra dimensão onde os segundos pareciam correr bem mais lentos que o habitual e lá pude te perceber sem interferências.
Acho que ali, naquela exata situação me apaixonei.
Não por ti, mas pelo teu sorriso largo, um sorriso íntimo que me pareceu sem travas, livre de qualquer impedimento ou receio. Um sorriso teu que tomei a liberdade de designar como meu.
É engraçado dizer essas coisas assim, nessas palavras... me parece soar meio maluco, desconexo de uma realidade a qual estamos pautados ao conforto de que paixões incluem pessoas e não só sorrisos em situações específicas.
É quase como se apaixonar por uma cor, mas não pelo objeto a qual ela está colorindo.
No entanto, acredito que existe uma linha muito tênue entre o sorriso pelo qual me apaixonei e a pessoa que é dona dele, mas talvez eu não queira realmente admitir isso para mim.
Teu sorrir tem som de poesia, me é métrica poética. Tem a necessidade de se transpor em palavras cafonas organizadas em destoância e ressignificados em alguma estrofe clichê que eu consiga redigir.
E cá estou, depois de registrar teu sorriso na minha mente te tornando eterno em três ou quatro frases meio bestas que um dia irei reler e sorrir também por te lembrar inteiro ali, sorrindo sincero pra mim.
Só para mim.
Sabe, esse teu sorriso tão meu me tirou de órbita... como se numa viagem interplanetária tu agarrasse minha mão e pousássemos de lua em lua por aí.
É que teu eu me é um portal de dimensões daqueles que me arrasta para lugares distantes dos quais nem sei bem como pertencer e eu vou mesmo assim, quase que sem questionar..
Tu me é inconstância, incógnita interdimensional...
Não é como se eu não gostasse de me fazer astronauta e divagar nesse universo desconhecido como se tivesse algum controle sobre onde vou poder desacoplar... é até bom te decifrar em mínucias, te descobrir ainda melhor que todas as minhas suposições.
Eu lembrei do teu sorriso hoje e acabei por te transcrever arte em mim. Tatuei teu eu na minha memória com palavras.
Talvez a ligação química de algum complexo íonico nessa biologia milenar tenha finalmente acendido um calorzinho no meu coração de gelo e na tentativa de afagar os ânimos achei melhor escrever para abafar o caso.
Te manter como um registro inanimado de uma fúria poética apaixonada sem expor a necessidade de para ti ter que me expressar, sem encarar possíveis impulsos de um sentimentalismo que desconheço a intensidade e intenção com precisão.
Peço perdão, mas é aquela coisa sabe, eu meio que posso alegar licença poética pra te tornar minha parte lírica, e dessa forma ir abrindo brechas pra te ter sem, de fato, pertencer.
Escrever, para nós, poetas intrinsecamente apaixonados é eternizar aquilo que o tempo leva, passa, muda, transforma. Imortalizar o mortal.
ResponderExcluirEste sorriso, tão seu mais que dele, que guardou nas lembranças e nas palavras é uma das coisas mais bonitas desse dom. Você é linda de poesia, Gabi!
Saudade de te ler! ♡
Com amor, Beca; Café de Beira de Estrada
Ver poesia em tudo, eis o mal dos poetas. Ou o bem.
ExcluirSaudades de te ver por aqui e de te ler Beca! ♡