A mão gelada entrelaça o cinza entre as digitais
O grafite perfura o tempo inventando outros riscos.
Outras linhas.
O coração foge para a porcelana quente
que exala o aroma amargo recém passado
como se pudesse dar mais tempo ao tempo.
A folha grita suspiros
em melodias quase mudas
enquanto compõe letras
que nunca serão entoadas por voz alguma.
Anseios que antevem mundos coexistentes.
Uma busca irrefreada por expor a carne
sem mais ter que precisar enxergar o sangue.
Cicatrizes despercebidas à olhos nus narram histórias
que pouco tem a ver com maturidade.
O lápis provoca rasuras que contam vivências.
A euforia se esvai.
O tempo pausa a vida, mas continua correndo.
A letargia se limita a dimensões.
Enquanto o café esfria nas palmas
e a alma se dissipa em metonímias.
Não preciso mais me rasgar em lâminas finas
Pois me entrego ao ópio.
Em linhas tortas encharcadas de metáforas.
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