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Leia ouvindo: The scientist - Coldplay |
Dia desses chorei olhando o mar...
As ondas me hipnotizaram pouco a pouco, enquanto o mundo acontecia desfocado e tudo ficava cada vez mais silencioso.
O tempo não se armava em temporal, mas chovia com intensidade aqui dentro.
Lá fora, o círculo de fogo iniciava sua rota rotineira como se emergissse do fundo do oceano. Imponente como um rei, traçando seu caminho imutável. E banhava o frescor da manhã com seu colo quente. Aquecendo, por vez, também, meu coração.
Eu, em meu silêncio particular, flutuava naquelas águas calmas com os pés firmes na areia. O corpo fixo no presente, a mente a dançar no balanço sinérgico das ondas.
Dia desses eu chorei olhando o mar...
E o sal do meu corpo se encontrou com o da água em pingos que sumiram infliltrados na areia. Cada lágrima que escorreu parecia buscar outros sais para se unir. Como se ali dentro de mim cada qual já tivesse desempenhado seu papel.
Creio que somos apenas parte. Fragmentos de um todo. De uma grande esfera claustrófobica e imponente. Um círculo vicioso perfeito de vida renovável. Onde deixamos um pouco de nós em cada canto e levamos um tanto do mundo por onde pisamos.
Hoje eu chorei olhando o mar...
Deixei-me abster do passado. Do que fui e fiz. Busquei deixar ali alguns pedaços meus e abri buracos que serão preenchidos por cada passo futuro.
Deixei ir partes do meu eu com as ondas. Perpassar o que não me serve mais. Abrir espaços renováveis para dar chance a novos passos. Novos rumos.
Mas a responsabilidade maior sempre vem seguida das lágrimas, ao escolher onde pisar a seguir.
É mãe, acho que a senhora estava certa, é preciso tomar bastante cuidado com onde se pisa.
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