12 dezembro 2023

ME CONTA DO TEU EU

Me conta do teu eu, me deixa descobrir tuas entrelinhas.

Deitar no teu peito e ouvir teu coração acelerar as batidas enquanto tua mão na minha cria conexões das quais nem sei se quero ter.

Me deixa te conhecer.

Te descobrir sem receios.

Me conta do teu dia, do teu estresse rotineiro e das coisas que não diria pra mais ninguém no mundo.

Me mostra teu lado oculto sem medo do que eu possa achar. 

Quero te conhecer sem leis.

Sem inibições.

Te perceber inteiro, com todas essas tuas manias estranhas e defeitos incontáveis que eu posso talvez nunca querer aguentar.

Me conta do teu eu mais intríseco

Dos teus medos.

Anseios.

Sonhos.

E dos desejos mais improvavéis.

Me mostra quem tu é sem máscaras sociais. Sem uma pose pra manter, a barba feita, o cabelo arrumado ou a roupa perfeitamente alinhada. 

Quero te conhecer livre de qualquer dogma que te prenda.

Me apresenta teu eu sem essas parafernalhas todas que limitam.

Me mostra teu eu mais íntimo.

E faz de nós: intimidade.

07 novembro 2023

QUANDO ME PERCEBI ESTAVA PENSANDO EM VOCÊ

Leia escutando: One Life - James Bay

Quando me percebi estava pensando em você...

E naquele seu jeito que me deixa sem jeito só com o olhar.

Acabei me perguntando se você, por um acaso, já se percebeu pensando em mim também.

Me percebi querendo te encontrar, cruzar meu olhar com o teu e me ver pequeninha dentro da tua pupila que fica enorme quando nossos olhos se encontram.

Quando percebi estava conversando com o vento em pensamento fingindo que entre um assovio e outro tu me correspondia quaisquer dilemas que eu ousasse me impor.

Me percebi querendo te ouvir tagarelar sobre assuntos aleatórios que, sendo bem sincera, ouço bem pouco, pois ao te ouvir falar sempre me perco entre a curvinha do teu sorriso e o teu brilho no olhar que me roubam toda a atenção.

Queria eu ser uma dessas lembranças gostosas que visitam a tua mente vez ou outra, assim como você é para mim. 

Queria eu que, por um momento ou outro, tu se percebesse a pensar em mim também.

Me percebi querendo cuidar dos teus anseios, te enlaçar num abraço apertado e descobrir todas as partes do teu eu que desconheço.

E numa noite qualquer entrelaçar nossas histórias, acabar dividindo meu eu com o teu e meu vinho barato favorito.

Me percebi querendo saber do teu eu mais íntimo sem em nós haver intimidade. 

Decifrar não só teu corpo.

Tuas marcas... Sensações... E cicatrizes...

Mas conhecer tua mente.

Teus sonhos. 

Teus medos. 

Manias... 

defeitos.

Me peguei pensando que talvez eu andasse é te percebendo mais do que deveria e não devesse te perceber tanto assim. 

Mas, será que por sorte, ou golpe do destino... Tu, talvez, não tenha se percebido a pensar em mim também?


(Gabrielle Roveda)

30 outubro 2023

É QUE EU SOU FEITO POEMA, SABE?

Eu sou feito poema, sabe?

Desses cafonas que falam sobre paixão desapegada, mas que se apaixonam na primeira vírgula.

Do tipo que te entrelaça entre versos desconexos, confusos e um tanto sem sentido.

Desses que te pega e vira do avesso por meio de um português ultrapassado e a mistura de significados ambíguos.

Eu sou poema, entenda.

Essas artes meio libertárias, de gente que tá no mundo, mas parece viver bem longe. Numa outra galáxia qualquer.

Sou o feito desses maluco beleza que vivem mil vidas em estrofes mal elaboradas. Obra de lapsos insanos do cotidiano.

É, sou essas estrofes tortas.

Com letra faltando. 
De poeta disléxico
Em caneta colorida. 
Com caligrafia duvidosa. 
Sem linhas justificadas ou perfeitamente alinhadas. 

Dessas estrofes que na pressa são transcritas em nota de supermercado. 
No aplicativo de tarefas diárias.
Na contracapa do caderno.
Na folha da prova de biologia.

Estrofes essas borradas pela lágrima.
Ou por café extra forte
E logo depois esquecidas.

Sou poesia e nada me tira esse termo.

Essa definição.

Porque entre minha vida e minha arte, sobra de mim, sempre tão pouco.

(Gabrielle Roveda)

27 outubro 2023

APAGA A LUZ, ACENDE A GENTE

Apaga a luz. 

Acende a gente.

Fica e faz de mim teu lar.

Me beija com calma

Se deixa aqui, no lado oposto da cama.

Bagunça meus lençóis.

Faz da saudade essência impregnada no travesseiro.

Vem cá, chega mais perto

Tão perto que tua barba me cause cócegas.

Deixa o macio do teu lábio encontrar o meu num beijo longo.

E minhas mãos te acariciarem o rosto enquanto gravo cada instante na memória pra não perder nenhum detalhe.

Me despe com o olhar.

E joga teu sorrir pro lado daquele jeito indecente que me faz perder a pose.

Se deixa em mim.

Descansa teu corpo no meu.

Que eu te ouço entre suspiros e sussurros.

Me fita.

Me toca.

Me cansa.

Te canso.

Chega pra perto.

E me cola em ti.

Me pega pela cintura.

Me coloca no colo.

Deixa eu sentir que o mundo pode desabar abaixo dos meus pés se eu estiver segura nas tuas mãos.

No calor do teu abraço.

Vem!

Apaga a luz...

Me olha profundo nos olhos.

E acende de uma vez por todas essa nossa faísca.


(Gabrielle Roveda)

15 agosto 2023

POESIA É COISA DE GENTE TOSCA

 

Poesia é coisa de gente fraca.

Vulnerável.

Solúvel em prosa fantasiosa.

Poesia é coisa de gente tosca!

Mas eu toscamente me desmonto em linhas poéticas.

É que é gostoso ser tosco no papel.

É gostoso me desfazer e refazer em linhas tortas que disfarçam aforismos.

Em jargões ridículos que inibem o real numa metáfora qualquer que quem lê acha bonito, mas no fundo nem entendeu.

Poesia é breve. Passagem e passageira.

E em um mundo que escorre pelas mãos é fuga recriada.

É nudez.

Intimidade.

Introspecção.

Poesia é parque de diversão da solidão.

E eu me desmancho vez ou outra nessa ludicidade de palavras porque viver é uma brincadeira que meu eu adulto levou muito a sério.

E ser poeta é vivenciar a fantasia em que o único brincar que se sabe é com palavras desconexas que dizem tudo sem dizer nada

Poesia preenche espaço vazio de gente tosca.

É tapa buraco e mais uma dopamina acessível num mundo afogado de excessos, onde quem não tem poesia cura o espaço do ócio com outras drogas baratas.

É. Poesia é coisa de gente tosca!

É êxtase.

Viagem para fora de si.

É fuga de uma vida em que se assume a pose de um robô articulado em uma sociedade regada pelo egoísmo de que nada se pode esperar, nada se pensa em profundidade, nada se pausa.

Poesia é coisa de quem não tem o que fazer!

Os 15 segundos infindáveis da fútil existência que rola para o lado num deslizar de dedos é muito mais interessante.

A experiência cuspida por dois ou três bocas na tela trincada ocupa com êxito o espaço vazio dentro de si que não se aprendeu a orbitar.

E a poesia, meu bem...

A poesia é apenas coisa de um eu tosco.

E sem essa tosquice de se apagar pra existir a minha vida, com certeza, perderia a graça.


(Gabrielle Roveda)

13 julho 2023

FOI NO SILÊNCIO QUE TU ME GANHOU

Leia escutando Salt Water - Ed Sheeran
Foi no silêncio que tu me ganhou.
Em cada olhar disfarçado.
No canto da tua boca elevado num sorriso contido depois de constatar meus olhos a te procurar também.

Foi no silêncio que tu me ganhou.
Sinal por sinal. 
Nas vezes que distante teu corpo ansiava a procura do meu pelos cantos.
E na tensão crescente que fazia o clima mudar quando nossos corpos se aproximavam.
Na tua respiração que se igualava a minha e mudava o ritmo, acelerando involuntariamente.

Foi sem palavras que tu me ganhou. 
Com teu jeito sem jeito.
E o modo como estufa o peito enquanto ajeita a camiseta.
Com essa tua risada exagerada.
O olhar profundo.
E essa mania de molhar os lábios enquanto fala.
... E como é bonito te ouvir falar do que faz teu coração vibrar.
Teus olhos brilham ao dizer.
Os meus ao te escutar.

Foi no silêncio que tu me ganhou...
Naquele um segundo mais demorado do toque da tua mão na minha.
Na tensão crescente.
No teu modo insistente em se aproximar devagar.
Discreto.
Meio furtivo.
Como quem reluta em invadir meu espaço, mas não hesita em tentar.

E nos detalhes te faço presença.
Te deixo ser intimidade.
Conhecer as bordas do meu eu.
Me desvendar em olhares.
Inundar de ti meus pensamentos.
Roubar meu sono.
Visitar meus sonhos.
E se ocupar da minha arte.

Foi no silêncio que tu me ganhou...
No espaço vago eufórico de quem tem muito para dizer, mas não pode dizer nada.

E é no silêncio que pra ti, eu me entrego.

(Gabrielle Roveda)

09 julho 2023

TAL QUAL PLUTÃO

Leia escutando To Good At Goodbyes - Sam Smith

te faço poesia sem permissão alguma, perdão

te internalizo entre versos descontextualizados que só eu entendo

faço arte com a lembrança que carrego no peito da tua voz rouca e pincelo em aquarela planetas distantes com teu rosto num universo infinito o qual não alcanço 

retrato estrelas, constelações e detalhes minúcias que da tua imagem nunca consigo esquecer

teu sorriso de canto tal qual sol da via láctea, centro gravitacional que me atraí para ti

te construo galáxia no meu mundinho sem sal como se tu feito astronômico pudesse de fato me deixar orbitar

mas não orbito, seja por teimosia ou receio

não desacoplo desse eu distância que inventei de mim

sou feito astronauta, ando perdida em gravidade zero bem longe de casa

luto para retornar à estabilidade enquanto o alerta de oxigênio apita sem descansar entre uma tosse e outra

bip... bip... bip...

a garganta seca, os olhos marejados

encaro o horizonte através do capacete num lapso de suicídio mental querendo, na verdade, não partir dessa ilusão

o vidro desfocando pela fumaça tragada por pulmões desgastados, a paranoia constante se esvaindo em pensamentos interligados que já não fazem mais sentido

a chuva e o vento em redemoinhos dentro de mim marcando o êxtase das borboletas na tua ausência

me refaço planeta atmosférico e revivo outra vez

sobrevivo

aterrizo na minha sarcástica zona de conforto desconfortável

recorro ao mundo real, àquilo que desconheço e finjo entender 

aterro meus pés nesse chão caótico familiar demais 

estou em casa outra vez, mas não queria estar

a cama vazia, o pó acumulando nos livros, o cheiro de incenso de canela pairando no ar, o vidro embaçado enquanto o úmido da noite lentamente se transforma em mofo bem diante dos meus olhos

o mesmo quarto calado, o mesmo cárcere humano

sinto tua falta a aquecer meus pés gelados e talvez o coração

mas teu eu me é caminho longo, viagem interestelar

tal qual plutão

distante...

questionável...

talvez frio demais para poder existir

(Gabrielle Roveda)


01 julho 2023

CARTA ABERTA À MINHA ANSIEDADE

Leia escutando: Welcome To The Jungle - Guns N' Roses

Eu te tenho. Não como algo intrínseco.

Te tenho numa relação de posse, a qual eu muitas vezes não sou o lado dominante.

E quando estamos no ápice do nosso relacionamento eu perco a vez, minha vida se torna um longo espasmo incontrolável. Sou totalmente submissa a tua vontade insaciável de preencher um algo inventado que talvez, e provavelmente, não exista.

Fico a mercê do que tu inventa. Do teu universo de fantasias e possibilidades infinitas no qual não me encaixo, mas insisto em tentar pertencer.

Um universo teu que não faz sentido pra mim, mas se torna um ideal do qual luto com afinco sem nem saber os exatos porquês. 

É que tu me infiltra no teu oceano caótico enquano eu remo um barquinho de papel frágil ao mínimo golpe de uma gota.

No entanto, eu permaneço. Firme e forte tal qual um navio cargueiro. 

Como se entre elevações monstruosas precisasse sobreviver, como se um eu capitão tomasse conta de mim. 

Levantar âncora!

Encaro a chuva torrencial, os raios...

A escuridão... O céu e o mar unidos em tons de cinza...

Olho para os fantasmas que se formam entre o quebrar das ondas.

Revejo os danos a bombordo, as cicatrizes a estibordo.

Temo as suposições que batem de frente com a proa. 

Aconchego os medos que continuam aterrorizando a popa. 

Por quê? Não sei, talvez nunca saiba. 

Fico à deriva como um fantoche.

Te deixo fazer de mim o que tu quiser com um manto na parede da consciencia, como se o que tu me sussurra no ouvido fosse a única verdade do mundo. 

Embora eu saiba que não. 

Embora eu insista em te negar.

Tu me preenche por completo e depois vai embora. Deixa a catástofre de um furacão que surgiu com a mesma breviedade com que desapareceu.

O chão fica sujo, o rastro bagunçado...

E eu nunca sei por onde re-começar.

Nunca é do zero que eu parto, volto algumas casas, o início vem do negativo, do que antecede o zero.

É sempre um inferno quando te percebo me consumir e sumir assim.

Tu me deixa um vazio.

Um vazio que eu não consegui preencher. Que já nem quero mais ocupar.

Um estranho e desconcertante sei lá pra todas as perguntas sem respostas. 

É que tu se preenche em mim e de mim sobra sempre tão pouco.

21 junho 2023

FOI O FRIO NA BARRIGA, DOUTOR

Começou com um arrepio. Um frio na barriga que se prolongou para a espinha, como quando algo pode dar errado e o medo surge percorrendo as sinapses e causando sensações estranhas.

Essa também foi estranha, mas não como a do medo.

Foi um arrepio gostoso, como se o geladinho que sobe pelo corpo tivesse construindo algo, algo que não era sobre fugir ou ficar alerta. Mas sobre borboletas que viriam a congelar em breve.

E construiu. 

Construiu uma armadura de gelo, um pacote blindado para um órgão que bombeia calor.

E acho que no fim, foi sim sobre ficar alerta ou fugir

Ou sobre não gostar muito de borboletas, talvez.

É que meu coração começou a gelar ainda com esse frio na barriga, Doutor.

E quando vi, já era tarde demais.

12 junho 2023

FEITO MÚSICA

Teus acordes tortos destoantes num violão jogado de lado.

O papo clichê a contrariar o tempo.

Teu olhar semicerrado indefinido a tentar me decifrar, a pupila grande o suficiente pra me fazer entender. 

O copo amargo marcando a madeira em rodelas molhadas. Desenhos geométricos abstratos pincelados sem finalidade, inexpressivos

Inconscientes. Inconsequentes.

Mãos que se tocam, o vácuo feito ímã

Polos iguais repelidos. 

Recuos.

Reversão

Enfim atraídos

Lábios gelados pelo sólido que tilinta entre goles secos.

Toques.

Teu beijo lento. 

Por fim, a gente.

Tal qual jogados de lado, pudor satisfatório. 

Conectados.

Feat censurado. 

Os cobertores a cobrir a indecência tardia.

Teu dedilhar em mim, nossos corpos melodia

Composição efêmera.

Aquele refrão chiclete. 

Curto tempo, vício ligeiro.

Envolvente.

Feito música, nós dois.

... repeat. 

31 janeiro 2023

TALVEZ ISSO NÃO SEJA SOBRE BORBOLETAS

Leia ouvindo: A Symptom Of Being Human - Shinedown

Confesso que é estranha a sensação de te gostar. De me apaixonar minuciosamente sem perceber. Ansiar pelo teu colo, pelo teu corpo quente a me envolver inteira num abraço.

Pela percepção da tua pupila que imita a lua cheia delicadamente simultânea ao meu olhar. De como tu me preenche com um simples beijo na testa.

É confortável te querer, ver a intimidade deslizando pelo embaraço de rotinas e histórias que não se conhecem. Ver teu eu misturado com o meu gradualmente.

Não ter teu corpo a se encaixar em mim, volta e meia me causa insônia, a noite passa e o que mais anseio são teus braços a me puxar para perto do teu peito feito casa. Onde posso me aconchegar e desligar sem preocupações.

Talvez, devo dizer, meu travesseiro também tenha saudade tua. E também sinta falta da tua respiração no meu ouvido a me estremecer o corpo todo e minha cama queira fazer parte da dança que teus dedos fazem ao deslizar pelas minhas costas.

É maluco e contraditório te observar por entre as minhas muralhas, como se por aqui nada sentisse enquanto cultivo meu coração na geladeira e um riso bobo apaixonado em cada vez que te vejo sorrir.

Não é como se tu não me despertasse um calorzinho gostoso que afinasse as camadas de gelo que construí, pelo contrário, não apostei sequer uma ficha na capacidade de te gostar e olha só onde eu me encontro agora, te escrevendo em linhas tortas.

A verdade é que eu não consigo entender essa situação, o quanto tu me faz vulnerável e mesmo assim me deixa segura com simplesmente a voz suave e a pose de que nunca mais vai deixar de existir na minha vida. Embora eu saiba que vai

Sabe, eu poderia facilmente me permitir me apaixonar por ti.

Poderia cuidar das tuas teimosias sem hesitar, fazer cara feia só pra ti me desestruturar com uma fala e um sorriso enquanto eu, teimosamente tentaria não perder a pose. Não me importaria em dividir silêncios e ócios ou assistir coisas duvidáveis na televisão e vez ou outra te tirar da zona de conforto mostrando que há muito mais do mundo a ser explorado e vivido

A merda é que não sei gostar de alguém e mesmo assim abri a porta do meu eu. Só que tu entrou sem pedir licença em lugares que eu não tive tempo de barrar.

Não pensei que se atreveria a ir tão longe com esse disfarce de quem não quer nada, mas avalia tudo e todas as possibilidades. Foi golpe baixo, eu sequer tive tempo de armar minha defesa

Não pensei que esse meu apreço pelo teu eu ultrapassaria mais de um amanhecer.

Talvez esteja ficando perigoso agora...

Talvez essa ansiedade estranha que eu sinto cada vez que te vejo sejam aquelas malditas borboletas no estômago que eliminei anos atrás voltando a vida e tentando fazer bagunça aqui dentro...

E digamos que embora minha vida viva bagunçada, eu ainda tenho medo de borboletas. 

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